terça-feira, 3 de abril de 2007

Os controladores que descontrolam a vida do País

O motim dos controladores de vôo representou não apenas um grave ato de agressão e desrespeito à sociedade, mas pode e deve também ser encarado como pista, indício de que algo bem mais grave está instalado no serviço público brasileiro: um processo de formação de corporações que atuam em setores vitais, disso têm consciência e estão prontas para achacar o público, visando a obtenção de vantagens pecuniárias e de carreira.

De fundo, é justa a reivindicação salarial dos sargentos amotinados, mas foi perversa a forma como se procedeu para assegurar ganhos salariais e de mudança de estatudo, com a desmilitarização do setor.

O mesmo se diz da polícia federal, que já acena com um movimento de greve. Também não são raras as mobilizações das polícias militares e civis dos estados, em busca de melhores salários.

O Estado brasileiro, por sua parte, também tem culpa. É do Estado, aqui entendido em sentido amplo, a responsabilidade pela remuneração desses servidores. Permitir a defasagem salarial é efetivamente inaceitável, pois a atividade é estressante. A manutenção desse estado de coisas permite a formação desse tipo de massa crítica, que desencaminha tais setores de seus perfis originais, fazendo-os buscar assemelhar-se a entidades sindicais civis cujos serviços, paralisados, não trazem conseqüências tão drásticas.

Será preciso haver sensibilidade para com as reivindicações, mas sem permitir a quebra da disciplina e o caos instalado. Acima de tudo, é preciso prever que, com a desmilitarização, os controladores estarão fora ao alcance do código penal militar e assim poderão manter todo o País refém de seus objetivos pecuniários, sempre que o desejarem.

Deve-se resolver o assunto de uma vez por todas. Atender às reivindicações, dentro do bom senso e das possibilidades do erário, mas deixar legislativamente claro que é inadmissível que uma minoria explore taticamente a sociedade em geral, a fim de atingir seus objetivos.

Nenhum comentário: