segunda-feira, 2 de abril de 2007

A necessidade da fama

Uma espécie de angústia a passos lentos está dominando o jogador Romário, na busca pelo seu milésimo gol. Ao contrário de Pelé, que chegou a tal número em plena e olimpiana glória, Romário sabe que vive uma decadência festiva, mascarando seu ocaso com um gol que muitos jornalistas esportivos põem sob suspeita, quando dizem: "Pelas contas dele, será seu milésimo gol."

Trata-se, de fundo, de uma questão existencial. Alguém que viu seu tempo passar, viveu inegavelmente momentos de grandiosidade, foi arrogante e vaidoso e de repente compreende que a vida é passageira, rápida e ilusória em seus instantes de aplausos.

A necessidade de ter a fama preservada com um marco, o desejo de, de alguma forma, igualar-se Pelé, mesmo que seja só por espelhamento, movem o jogador que mendiga glória tão mesquinha: a de enganar-se com um suposto milésimo gol, como quando festejava as grandes vitórias em tardes de domingo, Maracanã lotado. Que saudade.

É a pobreza humana, que se manifesta na busca de construir uma estátua que se desmanchará quando o jornal for atirado de lado e a manchete for parar no lixo.

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