Meu amigo Walter Medeiros envia o seguinte texto:
Natal está perdendo suas árvores devido à estupidez dos seus administradores. Cerca de 100 árvores foram cortadas em cem dias, em apenas duas avenidas. Ante a necessidade de preservar o meio ambiente, recorremos à sensibilidade do poeta paraibano Augusto dos Anjos, em soneto que é um verdadeiro manifesto, após o que não deveríamos precisar dizer mais nada.
A árvore da serra
As árvores, meu filho, não têm alma!
E esta árvore me serve de empecilho...
É preciso cortá-la, pois, meu filho,
Para que eu tenha uma velhice calma!
— Meu pai, por que sua ira não se acalma?!
Não vê que em tudo existe o mesmo brilho?!
Deus pos almas nos cedros... no junquilho...
Esta árvore, meu pai, possui minh'alma! ...
— Disse — e ajoelhou-se, numa rogativa:
«Não mate a árvore, pai, para que eu viva!»
E quando a árvore, olhando a pátria serra,
Caiu aos golpes do machado bronco,
O moço triste se abraçou com o tronco
E nunca mais se levantou da terra!
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