terça-feira, 2 de janeiro de 2007

Borboletas precisam voar

O discurso de posse do presidente Lula, em que aproveitou trechos da fábula "A lição da borboleta", não foi nenhuma peça oratória, escapava a qualquer aproximação com a força retórica, não teve qualquer eloqüência ou vigor estilístico. Foi um texto chão, quase que se poderia dizer um texto tosco, frente à relevância do momento.

A única coisa a ser destacada foi a citação à fábula da borboleta. De autoria desconhecida, a fábula foi adaptada pela socióloga Mary Lourdes Machado Barbosa para homenagear o então governador de São Paulo, Mário Covas, que estivera internado no mesmo hospital que o marido dela, num apartamento ao lado. No corredor fizeram amizade, o governador solidarizou-se com Adilson Alves Barbosa, o marido de Mary e ela enviou ao governador o relato sobre a borboleta, incentivando-o a lutar pela vida. À época,a revista Istoé registrou.

O uso da fábula no discurso, escrito pelo ministro Luiz Dulci, da Secretaria Geral da Presidência, foi algo matreiro, não só por aproveitar-se de um texto que sem dúvida alguma cala fundo no senso comum, como sobretudo pela fina sensibilidade, que teve o ministro, antecipando a repercussão na imprensa.

À época, o governador Mário Covas leu o texto às lágrimas, durante entrevista coletiva, quando lutava contra o câncer e falava a respeito de como se sentia. Mas, convenhamos, o Brasil precisa mesmo dessas lições simples, os políticos brasileiros precisam mesmo aprender com as borboletas. Ou teremos sempre um povo rastejando, enquanto deputados e senadores recheiam suas contas bancárias às custas do sofrimento geral da nação.

Abaixo, o texto d'A lição da borboleta:
"Um dia, uma pequena abertura apareceu num casulo; um homem sentou e observou a borboleta por várias horas, conforme ela se esforçava para fazer com que seu corpo passasse através daquele pequeno buraco.Então pareceu que ela havia parado de fazer qualquer progresso.Parecia que ela tinha ido o mais longe que podia, e não conseguia ir mais.

Então o homem decidiu ajudar a borboleta: ele pegou uma tesoura e cortou o restante do casulo. A borboleta então saiu facilmente.Mas seu corpo estava murcho, era pequeno e tinha as asas amassadas.O homem continuou a observá-la, porque ele esperava que, a qualquer momento, as asas dela se abrissem e esticassem para serem capazes de suportar o corpo que iria se afirmar a tempo.Nada aconteceu!

Na verdade, a borboleta passou o resto de sua vida rastejando com um corpo murcho e asas encolhidas. Ela nunca foi capaz de voar. O que o homem, em sua gentileza e vontade de ajudar não compreendia, era que o casulo apertado e o esforço necessário à borboleta para passar através da pequena abertura era o modo pelo qual Deus fazia com que o fluido do corpo da borboleta fosse para as suas asas, de forma que ela estaria pronta para voar uma vez que estivesse livre do casulo.

Algumas vezes, o esforço é justamente o que precisamos em nossa vida.Se Deus nos permitisse passar através de nossas vidas sem quaisquer obstáculos, ele nos deixaria aleijados. Nós não iríamos ser tão fortes como poderíamos ter sido. Nós nunca poderíamos voar.

Eu pedi forças...e Deus
deu-me dificuldades para fazer-me forte.

Eu pedi sabedoria...
e Deus deu-me
problemas para resolver.
Eu pedi prosperidade...
e Deus deu-me cérebro e músculos para trabalhar.
Eu pedi coragem...
e Deus deu-me obstáculos para superar.

Eu pedi amor...e Deus deu-me
pessoas com problemas para ajudar.
Eu pedi favores...e Deus deu-me oportunidades.
Eu não recebi nada do que pedi...
Mas eu recebi tudo de que precisava."

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