terça-feira, 13 de dezembro de 2022

 Extremistas de Bolsonaro: inferno em Brasília

 Por Emanoel Barreto

 A cerimônia de diplomação de Lula e do seu vice, Alckmin, ocorrida sob a presidência do ministro Alexandre de Moraes, foi um ato formal mas poderosamente simbólico, uma vez que aludia à aurora, à luz de um tempo que sucederá à idade de trevas do bolsonarismo tacanho e feroz, que ora se finda. Enfim.

Os discursos de Lula e do ministro abordaram, de maneira serena, mas firme, a importância da democracia para a convivência social e para o progresso civilizatório, aspectos da vida societária que Bolsonaro e seus sectários desprezam. Em ambos os pronunciamentos havia uma perceptível referência ao tempo de trevas e horror vividos sob o tacão da barbárie e do atraso que agora se acabam.

À noite, todavia, a luz que se viu em Brasília veio da brutalidade do incêndio de carros e ônibus; labaredas eram a resposta bolsonarista às palavras de sensatez e civilidade. Eles não reconhecem a derrota nem a expulsão da bestialidade que até então vicejava nos esconsos do Poder e se espraiava na destruição da natureza, na repulsa à ciência, no desmantelamento da Universidade Brasileira, nos conluios contra a democracia e na mentira como forma de tornar desejável um governo que, na verdade, mesmo em seus últimos arquejos, é maligno e cruel.

 A desculpa para os atos insurrecionais foi a captura de um indígena identificado José Acácio Serere Xavante, descrito no noticiário como incentivador de violência e autor de ameaças às instituições democráticas.

Segundo Estado de S. Paulo, “o indígena foi preso sob suspeita dos crimes de ameaça, perseguição e abolição violenta do estado democrático de direito.”

Pastor protestante, diz o jornal, Acácio tem forte liderança em sua área de atuação. Preso na sede da Polícia Federal, aquela tornou-se alvo das ações bandoleiras, e os insurgentes tentaram invadir suas dependências para dar fuga ao elemento. Foram repelidos pela PF e pela Polícia Militar e se espalharam pela capital federal levando a todos terror, ódio e destruição, transformando a noite em inferno.  

A questão do bolsonarismo, cujo núcleo de pensamento – se é que dessa gente se pode falar em pensamento enquanto formulação intelectual analítica da sociedade – é binário e maniqueísta, portanto, ordinário e vulgar.

Sua resposta a qualquer gesto ou crítica são considerados como ataque – e esses indivíduos tendem a ter sempre o comportamento ataque/resposta –, eles partem literalmente para a briga ou pelo menos para uma explosão de gritos e insultos. É típico.

Então, o que ocorreu em Brasília deu-se segundo o que se deveria esperar -  suspeitar, quero dizer. O estranho é que os serviços de inteligência das polícias não tenham previsto tais atitudes criminosas e tomado precauções.

Quem observa os vídeos dos atentados percebe como era fácil incendiar um carro ou ônibus. Eles atiravam artefatos sobre os veículos e imediatamente as chamas se espalhavam. Ou seja: tudo estava preparado. Por que os serviços de inteligência não sabiam desses atentados? Outra coisa: pelo que vi em declarações do secretário de Segurança de Brasília ninguém foi preso. Como pôde isso acontecer?

Ouvi claramente o secretário afirmar “todos os identificados serão presos.” Mas veja: vão identificar como? Olhando vídeos e saindo a esmo procurando anônimos, criminosos que agiam rapidamente e sumiam? Por que não prendiam na hora? Muito estranho.

Mas, é isso, o bolsonarismo é produto de uma subcultura política que precisa ser enfrentada dentro da lei, da serenidade e do equilíbrio. Mas, mesmo assim, não podemos nos curvar aos extremistas. Nunca. Jamais.

 

 

 

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