A História não é um poema que se escreve em linha reta
Os atos de terrorismo perpetrados em Brasília são indício de como será difícil o retorno do Brasil à normalidade democrática, que começou a ser solapada no governo Dilma, vicejou com Temer e sinalizou à direita e extrema direita que o terreno ficara plano e fácil para sua ascensão. E deu no que deu.
Agora,
quando veio a derrota de Bolsonaro, as forças da reação buscam reverter o
quadro, mesmo sabendo que, mantidas as condições atuais, com a Justiça atuante
e firme, e os militares se portando unicamente como tais, a posse de Lula é
apenas uma questão de tempo – e está bem próxima.
Não
se pode esquecer, todavia, que a História não é um poema que se escreve em
linha reta. Os passos da construção da normalidade democrática precisam ser dados
em terreno firme e seu caminho se faz no caminhar. É difícil essa caminhada, é
exigente esse caminhar.
A
prova está na ação de hoje da Polícia Federal, que cumpre 81 mandados de busca
e apreensão contra indivíduos flagrados na condição de líderes e provedores dos
atos de desordem e terrorismo, culminando com o recente ataque à sede da Polícia
Federal em Brasília.
O
que se percebe é que há organização e organicidade entre os participantes. Todos
são convictos de que suas atitudes são manifestação da livre expressão de
pensamento, esquecendo que tal manifestação não precisa de armas para se fazer
ouvir – a PF apreendeu uma submetralhadora, rifles com luneta e um fuzil.
Diante
do quadro instalado, será preciso saber com a maior exatidão possível como se
dá a organização do sistema antidemocrático, seus projetos e planos. A reconquista
da normalidade democrática somente se dará em ambiente complexo, que reúna, por
exemplo, a convergência de pensamentos progressistas em frente ampla, crescimento
econômico, esmaecimento das hordas de arruaceiros e sensação geral de que,
verazmente, o país está no caminho certo.
O
processo, como enfatizado, não se dará em linha reta, com um passo implicando o
passo seguinte; ações e reações deverão acontecer, exigindo decisão,
planejamento e atitudes desassombradas, sempre e quando houver ameaça à
manutenção de um estado de coisas pacífico e distanciado de extremismos.
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