Da duração do tempo e de outras
cousas que passam
Por Emanoel Barreto
Quanto tempo dura um quando? E
esquecimento, quantos momentos tem? Um momento vale quantos segundos? Talvez um
instante dure a vida inteira; depende, quem sabe, de um se – que por sua vez
tem a perenidade do talvez.
Um “espere” pode ser longo
demais, a depender da diferença entre espera e esperançar. A espera é
cansativa, esperançar é resistência.
E quanto tempo dura o tempo? E
quando começou o tempo? A eternidade é maior que o tempo ou é um tempo
especial, um tempo parado? E se é parado vira perpetuidade, que deve ser uma
coisa que também estacionou girando em torno de si mesma.
O tempo não se mede em metros;
sua medida são as horas, minutos, segundos. Estes são uma invenção que se fez
para se dizer quantos metros tem o desespero de quem já não tem mais tempo pois
perdeu o ânimo e já não tem qualquer forma de certeza ao fim e ao cabo da
espera – e sem esperança de uma certeza não há razão para existir.
A certeza é a única forma de
tempo que tranquiliza e serena. Mas o excesso de certeza leva a tranquilidade à
paralisia, e a serenidade à sonolência.
É preciso ter a tranquilidade dos
quilômetros por hora, a serenidade de quem se arrisca na velocidade com
firmeza. Pois é da firmeza que nasce o melhor dos tempos: aquele que existe em
você, em sua mente calma, em seu gesto de determinação – e a determinação nunca
acaba.
A determinação é o para sempre e
o nunca mais, um substituindo o outro sem parar. Seja para sempre e busque o
nunca mais.
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