quarta-feira, 2 de setembro de 2020


Da duração do tempo e de outras cousas que passam

Por Emanoel Barreto

Quanto tempo dura um quando? E esquecimento, quantos momentos tem? Um momento vale quantos segundos? Talvez um instante dure a vida inteira; depende, quem sabe, de um se – que por sua vez tem a perenidade do talvez.
Um “espere” pode ser longo demais, a depender da diferença entre espera e esperançar. A espera é cansativa, esperançar é resistência. 

E quanto tempo dura o tempo? E quando começou o tempo? A eternidade é maior que o tempo ou é um tempo especial, um tempo parado? E se é parado vira perpetuidade, que deve ser uma coisa que também estacionou girando em torno de si mesma.

O tempo não se mede em metros; sua medida são as horas, minutos, segundos. Estes são uma invenção que se fez para se dizer quantos metros tem o desespero de quem já não tem mais tempo pois perdeu o ânimo e já não tem qualquer forma de certeza ao fim e ao cabo da espera – e sem esperança de uma certeza não há razão para existir. 

A certeza é a única forma de tempo que tranquiliza e serena. Mas o excesso de certeza leva a tranquilidade à paralisia, e a serenidade à sonolência. 

É preciso ter a tranquilidade dos quilômetros por hora, a serenidade de quem se arrisca na velocidade com firmeza. Pois é da firmeza que nasce o melhor dos tempos: aquele que existe em você, em sua mente calma, em seu gesto de determinação – e a determinação nunca acaba. 

A determinação é o para sempre e o nunca mais, um substituindo o outro sem parar. Seja para sempre e busque o nunca mais.



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