terça-feira, 28 de julho de 2020


Vida de gado: todo mundo vai ao shopping

Por Emanoel Barreto

A formação da sociedade à qual chamamos povo brasileiro tem dentre as suas características – e nisso não há qualquer novidade – o jeitinho para conviver com dificuldades; tudo se resolve com alguma forma de improviso ou até mesmo a infringência da lei. 

O jeitinho é uma espécie de forma alegre e malandra de o brasileiro médio se livrar da responsabilidade, deixar de lado o que seja sério, superar num drible o que deveria ser reto. 

Estamos vendo agora isso com a pandemia do coronavírus, que se mantém em crescimento. Sei que em outros países há algo assemelhado. O problema é que aqui o jeitinho, a irresponsabilidade são a norma, a forma, o estilo de vida. 

No plano local temos que a prefeitura de Natal deu a ordem para liberar geral e a turma vai poder ir ao shopping. O preço de tal farra pode ser a morte, mas a turma pensa que pode dar um jeitinho. 

Não, não pode, o coronavírus é uma doença perigosa e onde houver aglomeração haverá um plausível risco de que a ameaça esteja presente.
Outro aspecto da questão diz respeito à forma como as autoridades lidam com o problema. 

Criam-se comissões científicas e, sob seu manto, obtêm as autoridades o aval, o visto, a licença para dizer: abram as porteiras, está tudo bem, vamos fazer de conta que está tudo normal.

As comissões científicas dão o tom de racionalidade a decisões que, no fundo, atendem apenas aos interesses dos comerciantes e têm como fundo e base o velho jeitinho e sua improvisação. Mais claramente: é tudo uma desculpa para abrir as porteiras e deixar a boiada passar.


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