Vida de gado: todo mundo vai ao shopping
Por Emanoel Barreto
A formação da sociedade à qual
chamamos povo brasileiro tem dentre as suas características – e nisso não há qualquer
novidade – o jeitinho para conviver com dificuldades; tudo se resolve
com alguma forma de improviso ou até mesmo a infringência da lei.
O jeitinho é uma espécie de forma
alegre e malandra de o brasileiro médio se livrar da responsabilidade, deixar
de lado o que seja sério, superar num drible o que deveria ser reto.
Estamos vendo agora isso com a
pandemia do coronavírus, que se mantém em crescimento. Sei que em outros países
há algo assemelhado. O problema é que aqui o jeitinho, a irresponsabilidade são
a norma, a forma, o estilo de vida.
No plano local temos que a
prefeitura de Natal deu a ordem para liberar geral e a turma vai poder ir ao shopping.
O preço de tal farra pode ser a morte, mas a turma pensa que pode dar um
jeitinho.
Não, não pode, o coronavírus é
uma doença perigosa e onde houver aglomeração haverá um plausível risco de que a
ameaça esteja presente.
Outro aspecto da questão diz
respeito à forma como as autoridades lidam com o problema.
Criam-se comissões científicas
e, sob seu manto, obtêm as autoridades o aval, o visto, a licença para dizer:
abram as porteiras, está tudo bem, vamos fazer de conta que está tudo normal.
As comissões científicas dão o
tom de racionalidade a decisões que, no fundo, atendem apenas aos interesses dos
comerciantes e têm como fundo e base o velho jeitinho e sua improvisação. Mais claramente:
é tudo uma desculpa para abrir as porteiras e deixar a boiada passar.
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