quarta-feira, 29 de julho de 2020


Ave César, os que vão morrer te saúdam

Por Emanoel Barreto

A Igreja católica, desde os tempos da última ditadura, tem-se avultado com fervor, autoridade e respeitabilidade a favor das causas mais justas e que exigem de uma entidade de sua dimensão e prestígio atitudes de coragem, firmeza e grandeza. A Conferência Nacional dos Bispos do Brasil-CNBB é prova disso. 

Na atualidade tal gesto é mantido: a colunista Monica Bergamo, da Folha de S. Paulo, vazou a existência de documento em que a Igreja demonstra com coragem sua discordância frente ao atual personagem que ora ocupa a presidência da república. 

Diz o documento, intitulado Carta do Povo de Deus, segundo transcrição da jornalista: "O Brasil atravessa um dos períodos mais difíceis de sua história, comparado a uma 'tempestade perfeita' que, dolorosamente, precisa ser atravessada. A causa dessa tempestade é a combinação de uma crise de saúde sem precedentes, com um avassalador colapso da economia e com a tensão que se abate sobre os fundamentos da República, provocada em grande medida pelo Presidente da República e outros setores da sociedade, resultando numa profunda crise política e de governança", diz um dos trechos da "Carta ao Povo de Deus".

Creio que tenha chegado o momento de entidades como a CNBB, OAB e ABI, que cumprem papel relevante na sociedade civil, começarem a se mobilizar em outros atos idênticos à tal carta e fazer frente ao descalabro que está comandando o país. 

O processo civilizatório não pode ser interrompido por mentes que veem o mundo como se estivéssemos em algum período obscurantista da História, a ciência fosse inexistente e os padrões políticos fossem pautados pelo absolutismo. 

O processo de poder em marcha tem por objetivo destruir não só conquistas dos trabalhadores mas tornar terra arrasada todo e qualquer pensamento divergente, toda e qualquer atitude, até mesmo no plano da ciência, que não seja condizente com os propósitos do daqueles que hoje seguem os  seguinte princípios, se é que são princípios: obscurantismo, desconhecimento, incultura, insipiência, inabilidade, insciência, idiotice, incompreensão, burrice, apedeutismo, imperícia, incompetência.

Mais: rispidez, rudez, inurbanidade, indelicadeza, incivilidade, rudeza, brutalidade, estupidez, grossura, boçalidade, descortesia, grosseria, impolidez são também label dos tais mandatários. 

Some tudo isso e teremos o retrato perfeito dos tipos que atuam, atam e desatam os destinos nacionais. No fundo talvez desejem, os ogros, que sejamos todos levados a dizer como os gladiadores quando entravam nas arenas de Roma: “Ave Cesar, os que vão morrer te saúdam.”

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