Ave César, os que vão morrer te saúdam
Por Emanoel Barreto
A Igreja católica, desde os
tempos da última ditadura, tem-se avultado com fervor, autoridade e
respeitabilidade a favor das causas mais justas e que exigem de uma entidade de
sua dimensão e prestígio atitudes de coragem, firmeza e grandeza. A Conferência
Nacional dos Bispos do Brasil-CNBB é prova disso.
Na atualidade tal gesto é mantido:
a colunista Monica Bergamo, da Folha de S. Paulo, vazou a existência de
documento em que a Igreja demonstra com coragem sua discordância frente ao
atual personagem que ora ocupa a presidência da república.
Diz o documento, intitulado Carta
do Povo de Deus, segundo transcrição da jornalista: "O Brasil atravessa um
dos períodos mais difíceis de sua história, comparado a uma 'tempestade
perfeita' que, dolorosamente, precisa ser atravessada. A causa dessa tempestade
é a combinação de uma crise de saúde sem precedentes, com um avassalador
colapso da economia e com a tensão que se abate sobre os fundamentos da
República, provocada em grande medida pelo Presidente da República e outros
setores da sociedade, resultando numa profunda crise política e de
governança", diz um dos trechos da "Carta ao Povo de Deus".
Creio que tenha chegado o momento
de entidades como a CNBB, OAB e ABI, que cumprem papel relevante na sociedade
civil, começarem a se mobilizar em outros atos idênticos à tal carta e fazer frente
ao descalabro que está comandando o país.
O processo civilizatório não pode
ser interrompido por mentes que veem o mundo como se estivéssemos em algum período
obscurantista da História, a ciência fosse inexistente e os padrões políticos fossem
pautados pelo absolutismo.
O processo de poder em marcha tem
por objetivo destruir não só conquistas dos trabalhadores mas tornar terra arrasada
todo e qualquer pensamento divergente, toda e qualquer atitude, até mesmo no
plano da ciência, que não seja condizente com os propósitos do daqueles que
hoje seguem os seguinte princípios, se é
que são princípios: obscurantismo, desconhecimento, incultura, insipiência,
inabilidade, insciência, idiotice, incompreensão, burrice, apedeutismo,
imperícia, incompetência.
Mais: rispidez, rudez,
inurbanidade, indelicadeza, incivilidade, rudeza, brutalidade, estupidez,
grossura, boçalidade, descortesia, grosseria, impolidez são também label dos
tais mandatários.
Some tudo isso e teremos o retrato
perfeito dos tipos que atuam, atam e desatam os destinos nacionais. No fundo
talvez desejem, os ogros, que sejamos todos levados a dizer como os gladiadores
quando entravam nas arenas de Roma: “Ave Cesar, os que vão morrer te saúdam.”
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