Nosferatu chegou!
Como numa
fita de Murnau – o genial diretor de Nosferatu, obra-prima do expressionismo
alemão –, tons negros e cinza começam a avultar e espalhar-se por todo o país,
sob a direção funesta do chamado presidente Michel Temer. O mais
novo personagem é o assim dito ministro da Justiça, Alexandre de Moraes,
indicado ao Supremo Tribunal Federal.

Jugulado
pelo PSDB, partido do qual o futuro ministro é sócio, Temer fez a escolha
política, quando, diz-se, gostaria de ter indicado um jurista.
Temer já
demonstrou muitas vezes que sucumbe a pressões. Seja de seus, digamos, aliados,
- aliados? – seja da opinião pública: lembra de Geddel Vieira Lima? Ao primeiro
trompaço da opinião pública o chamado presidente o afastou.
Da mesma
forma recriou o Ministério da Cultura quando intelectuais o imprensaram contra
a parede. Também agendou contra a vontade uma viagem ao Nordeste logo no início
do mandato.
Ele preferia
não vir ver a seca de perto. Mas bastou Fernando Henrique Cardoso determinar e
ele veio à região para dar a impressão de estadista sensibilizado com a
dramática situação. Claro, ficou longe do povo.
Fiquemos por
aqui, pois o que pretendo mesmo é tratar da forma como o país vai sendo fechado
num círculo de ferro enquanto sobe a ponte levadiça de um castelo onde as
masmorras da história encerram o povo.
Como num
roteiro de filme de terror em preto e branco, mais e mais a tragédia brasileira
se afunila: nomeia-se um ministro do Supremo como quem dá posse a um inspetor
de quarteirão.
É que a
Justiça é parte do patrimônio do poderoso de ocasião, é coisa a ser negociada a
trinta dinheiros pelos políticos, vendilhões do templo. Dá-se o cargo ao mais
chegado. E tudo é tornado respeitável, honrado, digno.
As elites
parecem não perceber que este país está chantado sobre uma bomba: bandidos
estão sumamente organizados; a polícia está sublevada e desordeira no Espírito
Santo; o povo não tem mais de onde tirar para atender aos apetites dos
poderosos; os políticos querem manter de toda forma seus privilégios; a corrupção
é parte do nosso DNA social; falta dinheiro para pagar funcionários, mas não
paga remunerar a malta de privilegiados que ocupa altos cargos.
A lista
seria praticamente interminável. Enfim, creio que vivemos o tempo de Nosferatu.
Mas, ao contrário do filme, estamos na História e a História não tem fim. E pior:
nosso diretor não é Murnau.
Nenhum comentário:
Postar um comentário