terça-feira, 7 de fevereiro de 2017

Temer dirige filme de terror



Nosferatu chegou!
Como numa fita de Murnau – o genial diretor de Nosferatu, obra-prima do expressionismo alemão –, tons negros e cinza começam a avultar e espalhar-se por todo o país, sob a direção funesta do chamado presidente Michel Temer. O mais novo personagem é o assim dito ministro da Justiça, Alexandre de Moraes, indicado ao Supremo Tribunal Federal.
Câmera, ação!, e a sinergia macabra de PSDB e PMDB, que toma direitos trabalhistas, esmaga a aposentadoria, entrega o país ao capital estrangeiro e quer porque quer transformar estudantes em zumbis, estende os aterrorizantes personagens do poder a todos os quadrantes da vida nacional.
Jugulado pelo PSDB, partido do qual o futuro ministro é sócio, Temer fez a escolha política, quando, diz-se, gostaria de ter indicado um jurista.
Temer já demonstrou muitas vezes que sucumbe a pressões. Seja de seus, digamos, aliados, - aliados? – seja da opinião pública: lembra de Geddel Vieira Lima? Ao primeiro trompaço da opinião pública o chamado presidente o afastou.
Da mesma forma recriou o Ministério da Cultura quando intelectuais o imprensaram contra a parede. Também agendou contra a vontade uma viagem ao Nordeste logo no início do mandato.
Ele preferia não vir ver a seca de perto. Mas bastou Fernando Henrique Cardoso determinar e ele veio à região para dar a impressão de estadista sensibilizado com a dramática situação. Claro, ficou longe do povo.
Fiquemos por aqui, pois o que pretendo mesmo é tratar da forma como o país vai sendo fechado num círculo de ferro enquanto sobe a ponte levadiça de um castelo onde as masmorras da história encerram o povo.
Como num roteiro de filme de terror em preto e branco, mais e mais a tragédia brasileira se afunila: nomeia-se um ministro do Supremo como quem dá posse a um inspetor de quarteirão.
É que a Justiça é parte do patrimônio do poderoso de ocasião, é coisa a ser negociada a trinta dinheiros pelos políticos, vendilhões do templo. Dá-se o cargo ao mais chegado. E tudo é tornado respeitável, honrado, digno.
As elites parecem não perceber que este país está chantado sobre uma bomba: bandidos estão sumamente organizados; a polícia está sublevada e desordeira no Espírito Santo; o povo não tem mais de onde tirar para atender aos apetites dos poderosos; os políticos querem manter de toda forma seus privilégios; a corrupção é parte do nosso DNA social; falta dinheiro para pagar funcionários, mas não paga remunerar a malta de privilegiados que ocupa altos cargos.
A lista seria praticamente interminável. Enfim, creio que vivemos o tempo de Nosferatu. Mas, ao contrário do filme, estamos na História e a História não tem fim. E pior: nosso diretor não é Murnau.





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