quinta-feira, 9 de fevereiro de 2017

A beleza que vem e que passa



A desgraça de Temer e o Brasil que ainda é belo

A valer a Lei de Murphy, aquela que diz “se algo pode dar errado vai dar errado”, creio que, sem dúvida, o dito pode muito bem ser aplicado ao governo Temer.
Paulo Whitaker/Reuters
Veja bem: o presidente é um pusilânime acorrentado e refém do PSDB, responde a processo que pode resultar na cassação de seu mandato, está cercado de políticos indiciados por crimes de corrupção e sua – será? – política econômica é um desastre.
Para completar, a queda de ministros é como um dominó previsível e desastroso.
Pode crer: vai dar errado. O governo, além do mais, está às voltas com a crescente insegurança, processo que se alastrou por todo o país.
As sedições de bandidos em presídios conflagrados, e agora o motim da polícia do Espírito Santo são o sinal, o índice, de que algo vai muito mal: e o governo, sucessivos governos, não lavaram a sério a questão da segurança.
A violência tem raízes profundas na injustiça social, nos privilégios, nos achaques aos dinheiros públicos. Dela nascem, ao longo do processo histórico, os bandidos de colarinho branco os brutos que assaltam a matam por um celular.
Tudo afinal estourou nas mãos frouxas de Michel Temer, que vive de um lado para o outro na tentativa de agradar a entourage que o cerca – no pior sentido que tenha a palavra cerco. Tapa um buraco, surge um abismo.
O país explodindo e ele tentando encontrar lugares aonde acomodar as calipígias de seus pegajosos aliados. O desespero é tamanho que se busca desesperadamente atochar no cargo de ministro a um político como Moreira Franco, na tentativa de dar-lhe foro privilegiado. Você já sabe: tudo indica que – Lei de Murphy –  mais uma vez vai dar errado.
Falta a esse governo seriedade e senso histórico. Falta um estadista em Brasília, falta honradez, dignidade, compromisso com a maioria.
Enquanto se busca tirar o que for possível dos trabalhadores, no momento em que se arrocha a legislação trabalhista e as teles podem ganhar de mão beijada bilhões do patrimônio público, a História vai se escrevendo a quente.
E o preço são as multidões de desvalidos que vão se transformar em bandidos e monstros, enquanto se garante o perfume da madame e a noitada do maridão deputado, senador ou manda-chuva de grade empresa.
A Polícia Militar desordeira do Espírito Santo dá a pista: o Estado não pode contar com efetiva certeza quando se trata do seu aparelho armado. E quanto até isso acontece significa que o crime triunfou. Desarticulando até mesmo quem o devia combater. E o crime veio de cima. Veio dos que continuam a apostar na Lei de Murphy, acreditando que um dia ela será desmentida.
Estão errados. Na situação brasileira Murphy será sempre implacável. Resta-nos, entretanto, uma esperança: como no poema feminino que caminha. Apesar de tudo, caminha. E tão cheia de graça.

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