A desgraça de Temer e o Brasil que
ainda é belo
A valer a
Lei de Murphy, aquela que diz “se algo pode dar errado vai dar errado”, creio
que, sem dúvida, o dito pode muito bem ser aplicado ao governo Temer.
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Paulo Whitaker/Reuters |
Veja bem:
o presidente é um pusilânime acorrentado e refém do PSDB, responde a processo
que pode resultar na cassação de seu mandato, está cercado de políticos indiciados
por crimes de corrupção e sua – será? – política econômica é um desastre.
Para
completar, a queda de ministros é como um dominó previsível e desastroso.
Pode crer:
vai dar errado. O governo, além do mais, está às voltas com a crescente
insegurança, processo que se alastrou por todo o país.
As sedições
de bandidos em presídios conflagrados, e agora o motim da polícia do Espírito
Santo são o sinal, o índice, de que algo vai muito mal: e o governo, sucessivos
governos, não lavaram a sério a questão da segurança.
A violência
tem raízes profundas na injustiça social, nos privilégios, nos achaques aos
dinheiros públicos. Dela nascem, ao longo do processo histórico, os bandidos de
colarinho branco os brutos que assaltam a matam por um celular.
Tudo afinal
estourou nas mãos frouxas de Michel Temer, que vive de um lado para o outro na
tentativa de agradar a entourage que o cerca – no pior sentido que tenha a
palavra cerco. Tapa um buraco, surge um abismo.
O país
explodindo e ele tentando encontrar lugares aonde acomodar as calipígias de
seus pegajosos aliados. O desespero é tamanho que se busca desesperadamente atochar
no cargo de ministro a um político como Moreira Franco, na tentativa de dar-lhe
foro privilegiado. Você já sabe: tudo indica que – Lei de Murphy – mais uma vez vai dar errado.
Falta a
esse governo seriedade e senso histórico. Falta um estadista em Brasília, falta
honradez, dignidade, compromisso com a maioria.
Enquanto se
busca tirar o que for possível dos trabalhadores, no momento em que se arrocha
a legislação trabalhista e as teles podem ganhar de mão beijada bilhões do patrimônio
público, a História vai se escrevendo a quente.
E o preço
são as multidões de desvalidos que vão se transformar em bandidos e monstros,
enquanto se garante o perfume da madame e a noitada do maridão deputado,
senador ou manda-chuva de grade empresa.
A Polícia
Militar desordeira do Espírito Santo dá a pista: o Estado não pode contar com
efetiva certeza quando se trata do seu aparelho armado. E quanto até isso acontece significa
que o crime triunfou. Desarticulando até mesmo quem o devia combater. E o crime
veio de cima. Veio dos que continuam a apostar na Lei de Murphy, acreditando
que um dia ela será desmentida.
Estão errados.
Na situação brasileira Murphy será sempre implacável. Resta-nos, entretanto, uma esperança: como no poema feminino que caminha. Apesar de tudo, caminha. E tão cheia de graça.
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