Maria Antonieta e o
massacre em Manaus
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A bárbara
rebelião
ocorrida em Manaus, com 56 mortos – trinta
degolados, corpos retalhados –, expôs ao mundo a barbárie da vida nacional.
A violência
é parte do cotidiano do brasileiro. E os presídios são, digamos, o laboratório
onde a brutalidade chega ao seu ponto máximo de baixeza e bestialidade.
A respeito da ocorrência leio no UOL:
“Peritos do MNPCT (Mecanismo Nacional de Prevenção e Combate à Tortura), órgão
ligado ao Ministério da Justiça, afirmam que a gestão terceirizada e a divisão
dos detentos por facções criminosas nos presídios do Amazonas facilitam
situações como a do massacre no Compaj (Complexo Penitenciário Anísio Jobim),
em Manaus.”
E mais: “‘De fato, o Compaj é
administrado por uma empresa privada, responsável pela gestão prisional, o que
distancia ainda mais o Estado da rotina do local. Assim, quem basicamente
regula os cárceres do Amazonas são as pessoas presas, as quais criam regras de
conduta extremamente rígidas, em grande parte, de caráter ilegal’",
afirmaram ao UOL os peritos Thais Duarte e Ribamar Araujo.”
Não é preciso ser especialista em
segurança para saber que a situação chegaria ao ponto registrado por todos os
jornais. A entrega de presídio à iniciativa privada revela, no mínimo, as más
intenções do governo do Amazonas.
O governador José Melo, do Pros, entregou o presídio à empresa Umanizzare,
cujos representantes não quiseram falar com a imprensa, jogando ao governo a responsabilidade.
A empresa, ao que consta, tem ligações políticas com Melo.
A maré montante de violência em Manaus
é reveladora do quanto a corrupção pode levar a situações de desatino, crueldade,
bruteza.
As elites nacionais precisam
tomar consciência de que não há mais espaço para que continuem a delinquir
impunemente. E mesmo que não sejam punidas judicialmente, já que é difícil a
pessoas ricas ser alcançadas pela lei no Brasil, haverá a punição social com a divulgação
dos seus podres.
Precisamos, neste país, de uma
sociedade civil firme e decidida, contestadora e atuante. Não há mais como
conviver com uma situação em que a corrupção tem ligações com o crime
organizado e este, por sua vez, perpetra a violência como norma de vida
cotidiana e naturalizada.
Este país está chegando ao seu
limite. Mas os governantes parecem seguir as palavras de Maria Antonieta,
quando dizia: “Se o povo não tem pão, coma brioche.”
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