sexta-feira, 25 de novembro de 2016

Geddel salta fora depois do estrago feito



Com apenas seis meses Temer já dirige um governo surrado


As redes sociais repercutem a demissão de Geddel Vieira Lima do cargo de ministro de Governo. Na verdade, ele não se demitiu: ele fugiu. E deixa atrás de si um presidente canhestro. Um tipo que, desde o início do seu, digamos, mandato, somente busca resolver problemas de uma matilha de políticos envolvidos em acusações de corrupção. Ele próprio um acusado. 
Caviloso, dúbio, buscando agradar a uma base aliada faminta por manter o país em seu estado natural de terra da corrupção, Temer agora caiu na própria armadilha de palavras à meia luz: conversas suas com o então ministro Marcelo Calero foram gravadas por aquele, dando conta das pressões que o então ministro da Cultura sofreu para atender a Geddel.
Temer não agiu como um estadista – seria exigir muito dele – mas sim como um alcoviteiro, um chalaça dos seus parceiros, um político vulgar e batido.

Agora tudo foi relatado por Calero à Polícia Federal que quer abrir inquérito para apurar se houve os crimes de concussão e advocacia administrativa. 

Concussão é o crime no qual funcionário público se utiliza do cargo para a obtenção de vantagem pessoal. Já a prática de advocacia administrativa refere o fato de servidor prevalecer-se do cargo para obter vantagens para outro.  

O inquilino do Palácio do Planalto e Geddel estão enovelados nesse labirinto. A demora de Geddel em fugir, a ação de Temer que pensou em acobertar um escândalo sem temer que esse fogo poderia voltar-se contra ele dão a dimensão do quadro: uma classe política com as vísceras expostas, mas que não se emenda nem percebe que os tempos estão mudados.
O procurador geral da República, Rodrigo Janot, estuda a possibilidade de incluir o presidente e o ministro Eliseu Padilha no pedido de inquérito apresentado ao Supremo Tribunal Federal.

Ao que parece, chegou a hora da verdade acrescentando-se a isso o fato de que vem aí a delação do fim do mundo, quando criminosos da empresa Norberto Odebrechet vão abrir as comportas e fazer revelações que devem abalar os alicerces dos mais poderosos políticos – pelo menos isso é o que se espera.
Com isso, Temer, que certamente pensava em voar em céu de brigadeiro para aprovar seus intentos de retirar direitos trabalhistas e previdenciários, terá, ao invés, tempestades dignas de figurar em qualquer filme de tsunami. 

Vamos ver como age o Supremo Tribunal Federal. Agora, com relação ao governo Temer, pode-se dizer: em seis meses já é um governo surrado. 

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