domingo, 23 de outubro de 2016

Grandes estudos, enormes revelações

Nova História do Brasil -- 

Baseada em fatos



Caros Amigos, 

http://www.irdeb.ba.gov.br/multicultura/?p=10821
Era uma vez uma terra que um dia viria a ser chamada de Brasil. Os índios viviam lá mas como não sabiam que ali seria o Brasil, nada de mal acontecia. As florestas eram enormes, eles nem desconfiavam o do que seria poluição, não havia deputado, senador, presidente. Nem ao menos um vereadorzinho existia. E nada de mal acontecia.


Não havia fábricas fumacentas, salário mínimo, escolas sem funcionar, traficantes, assaltantes, empresários corruptos, juízes mancomunados com bandidos ou funcionários públicos bocejantes e safados. E, claro, nada de mal acontecia.


Não havia televisão berrando o dia todo que é preciso comprar celular, que celular é a coisa mais importante do mundo; não havia devastação das florestas, nem água com nitrato, nem meninas se prostituindo no calçadão.


Não havia sequestros, desvios de verbas públicas, operações espetaculares da Polícia Federal, caixa-dois, campanhas políticas, partidos, ONGs criminosas, sabidões sempre à espreita. E nada de mal acontecia.



Quando foi um dia chegaram uns portugueses e disseram aos índios: "Índios, aqui é o Brasil."


Os índios ficaram assim, e disseram: "Não aqui não é Brasil. Aqui não é nada. É só terra da gente."


Os portugueses consultaram suas cartas náuticas, conferenciaram entre si e, após dias e dias de confabulações, chegaram à conclusão: aquilo era mesmo o Brasil, a única coisa que estava errada eram os índios. Os índios estavam errados porque não entendiam o sentido histórico de "Brasil".


"Vamos mudar esses índios", pensaram. "Mudando-se os índios, seja de seu lugar de morada, seja mudando suas cabeças, aí sim, começa o Brasil. O Brasil é um estado de espírito, entenderam?", disse o chefe dos portugueses, Pedro Álvares Cabral, com um sorrisinho infame e torcendo as mãos enquanto maquinava.


Cabral mandou contratou um terrorista chamado Diogo Álvares Corrreia, o Caramuru, para intimidar os índios. Caramuru percebeu que eles não tinham armas de fogo e disse: "Mim ser grande diabo. Mim saber dominar trovão. Mim ser dono do trovão. Mim ser diabo do fogo."


Os índios disseram: "Não, nós não acredita." Caramuru, então, bateu mão de um trabuco e atirou. A explosão apavorou os índios e eles foram dominadosfacilmente. Os selvagens correram, esconderam-se nas matas e Cabral começou a destruir florestas e a plantar cidades.



Ele parecia um louco. Onde seus grandes bulldozers chegavam já sabia: começava uma cidade; os índios fugiam, as índias se prostituíam, os meninos pegavam gripe. Morriam que era uma beleza. Sim, e os índios ainda aprendiam a beber cachaça. Até cair pra trás.


E assim, ao longo do tempo as coisas se passaram, até que um dia Cabral virou-se para o que restou de índios e disse: "Índios, isso agora é o Brasil, entenderam? Entenderam o que quer dizer Brasil? Vejam só a maravilha que é o Rio de Janeiro..., vejam o que é Brasília; nosso senado, a câmara dos deputados, o grande exemplo dos nossos políticos..."


Cabral insistia: E agora, já sabem o que Brasil?" Os poucos índios que sobraram responderam que sim, que agora sabiam o que era o Brasil. Estavam conscientizados e até já tinham formado quadrilha. E da pesada: assalto, tráfico e sequestro, mantinham contatos com autoridades corruptas e todo o mais. E aí um deles, virando-se para Cabral e portando um AK-47, disse: "Seguintche: vai levar o pó ou não ó Mané?" 

Cabral chorou de emoção: e viu que sua obra estava completa. E levou o pó. 

ZOORÓSCOPO


VAGALUME - É o zoosigno dos poetas e outros sublimes sem-juízo. Anda para lá e para cá, e sua pobre luz não é suficiente para acender nas almas duras algum sentimento. Mas seguem. E vivem plenamente sua loucura raspando de faíscas breves o peso da noite.

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