Neymar e a síndrome
de Tio
Patinhas
O jornal
Extra traz informação que dá bem conta de como uma certa insanidade domina o
mundo, vale dizer a sociedade do espetáculo: o desvario de dinheiro que os clubes
britânicos Manchester United e Manchester City depõem aos pés da diretoria do
Barcelona para ter em suas equipes o jogador Neymar. Veja só:
De acordo com informações do jornal britânico “The
Sun”, Manchester United e Manchester City travam uma batalha milionária pelo
atacante brasileiro Neymar, do Barcelona.
Ambos os clubes estão dispostos a pagar a multa
rescisória do jogador, de 144 milhões de libras (cerca de R$ 821 milhões). E, o
mais impressionante, a pagar um salário de 1 milhão de libras (cerca de R$ 5,7
milhões) por semana ao jogador. O que dá o valor incrível de R$ 22,8 milhões
por mês.
Neymar tem contrato com o Barcelona até o meio de
2018 e negocia a sua renovação. O pai de Ney já disse que a vontade do craque é
de ficar no Barça, mas admitiu também ter uma proposta milionária em mãos que,
segundo o “The Sun”, seria do United.
Dignas de
figurar nas cifras do Tio Patinhas chega a ser ofensivo esse tipo de negócio. A
rigor, nada justifica o pagamento de tamanhas quantias, a não ser o espetáculo
como coisa em si.
E o espetáculo
como coisa em si resulta na alienação como coisa em si: é preciso não pensar, é
preciso não sentir o mundo adjacente com todos os seus problemas e voltar-se
por completo para o futebol como máquina alucinógena e pronto: estamos todos
salvos com um grito de gol.
Acima de
tudo é preciso não se sentir como parte – ou vítima de problemas sociais, existenciais, econômicos. Alcançando-se
isso chegamos ao nirvana dos estádios cujos espetáculos são midiatizados para
todo o mundo e temos as multidões urrantes frente a jogos milionários e
transnacionalizados.
O espetáculo
em si apresenta outro aspecto. E importantíssimo: as multidões fazem parte do
negócio: em última análise as multidões estão sendo comercializadas
interclubes, vendidas às redes de TV que divulgam globalmente os jogos. E todos
esses promotores ganham. E ganham muito.
Daí o preço
de jogadores como Neymar, Messi e quejandos. É preciso atiçar nas multidões
carentes – de jogos e de pão – o desejo de ver esses jovens gladiadores da
bola, ufanos de sua gabolice vazia a fazer gols e outras jogadas sensacionais. Isso
compensa as mais diversas fomes. E como tem fome o homem do século 21. Como tem
fome.
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