terça-feira, 8 de julho de 2014

Seleção brasileira: da glória de 1958 ao medo de 2014



Que tal esperar o jogo?

Tenho notado que nessa espera pelo jogo entre Brasil e Alemanha vivemos terrível pessimismo militante. Um amargor encravado na boca, pesaroso rancor de nós mesmos. E, enquanto seu lobo não vem, sorvemos a acidez de algo que ainda não se deu – a derrota – nem há certeza de que acontecerá. Ao que parece é como se a Seleção fosse composta por um magote de inúteis prestes a deambular ao sabor dos passes dos alemães. 
Seleção brasileira: vitória afirmou nosso futebol perante o mundo

Pensando bem, não é assim. Não é exatamente assim. Não é nem um pouco assim. Sei que a Seleção não é a mesma dos meus tempos de menino, quando acompanhava pelos ruídos da Rádio Poti a retransmissão do fantástico desempenho dos comandados de Feola, em 1958, Brasil campeão do mundo. Era um domingo, dia 29 de junho e o tempo estava nublado em Natal. 

Eu nem sabia que existia a Copa e somente tomei conhecimento da disputa quando o rádio foi ligado. A partir daquele momento, com as atenções penduradas no rádio, minha cabeça quedou distanciada dos meus jogos infantis. E encantado fiquei até o final do jogo. 

Mas eu dizia que a Seleção não é aquela. As coisas mudaram – as coisas sempre mudam – os outros times parecem ter aprendido alguma coisa, uma alguma coisa que parecia ser privativa de nós, brasileiros; nós, os amalandrados; nós, os vira-latas cheios de arranque; nós, os bêbados equilibristas, que contra todas as impossibilidades nos tornamos possíveis. 
Nos estádios, nas ruas, nas filas, favelas. A Seleção é um pedaço de povo, pode crer.

Insisto: talvez eles, os povos bem nascidos, tenham aprendido aquela alguma coisa, algum tipo de fagulha, mas com certeza não dominam algo que os vira-latas sabem muito bem: eles não sabem im-pro-vi-sar. Foi improvisando que esse povo chegou até aqui. Vamos ver se dá certo contra os alemães. Será que o impossível é mesmo impossível? Quem disse que é impossível?

Vamos ver o que acontece. Vejamos qual a manha a ser jogada, o drible a ser convocado, o gol a ser convidado. Se não der certo terá valido a intenção. Mas, que tal esperar o jogo?
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Foto: http://veja.abril.com.br/historia/copa-1958/brasil-campeao-do-mundo.shtml

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