Estranha história do Brasil ou de como uma bruxa
me salvou
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O ano era 1402 e eu caminhava por estrada perdida em um grotão quando sou assediado por homem que me pede para ajudá-lo a se livrar de sua sogra mediante o "uso de minhas artes mágicas".
Tomado de susto, recuei, explicando que não sou douto em tais procedimentos, sequer domino qualquer arte, até mesmo as menores e mais fugazes.
O homem não me deu crédito, dizendo que em aquela
região todos me têm como "grande mago e alquimista" e assim deveria
eu contribuir para livrar o mundo da terrível virago, deixando-o, ao mesmo
tempo, fagueiro e feliz.
Disse isso e deu um grito: logo formidável multidão
se achegou e começou a aclamar-me como "feiticeiro digno de crédito e
"grande homem das almas". Tiraram-me de sobre o cavalo e fui levado
numa espécie de andor até o sopé de um monte. Ali, me foi dito, deveria eu
promover "inominável feitiço" para acabar com a vida da pavorosa sogra.
Perguntei por que aquela mulher era tão odiada, mas
não tive tempo para ouvir a resposta: saindo de dentro da mata próxima uma
mulher aproximou-se, mulher que a todos infundiu pavor, menos a mim: era uma
bela jovem em quem todos começaram a atirar pedras.
E me foi dito que aquela
era a sogra. Sem compreender aquele gesto, ante dama tão gentil pedi calma. Mulher
que tal jamais poderia encarnar um desses seres terríveis que são as sogras. Mas
a multidão recrudesceu e continuou o ataque.
Diante disso a mulher começou a se transformar.
Tornou-se de aspecto terrível, olhos vermelhos, roupas andrajosas, dedos de
unhas pontiagudas, cabelos desgrenhados. Em pouco tempo pôs por terra a muitos
dos que a atacavam. Dominado pelo pânico, chamei a multidão à fuga e todos nos
pusemos a correr.
Depois de grande correria chegamos a lugar
bem distante e a multidão, assim, voltou-se contra mim. Disseram que eu, como
feiticeiro, havia falhado e agora seria punido. Insisti em que nunca havia sido
bruxo. Mas alguém apareceu, dizendo que já havia me encomendado feitiçaria para
matar um padre e havia obtido sucesso estrondoso. Desta forma decidiram que eu
deveria mesmo ser punido.
Bem depressa prepararam uma fogueira e as chamas
começavam a subir, eu amarrado no poste em meio à lenha, quando a bruxa
apareceu montada em sua vassoura. Não sei porquê, mas, rápida como um raio,
arrebatou-me das chamas e atirou-se para cima. Voamos muito até chegarmos à
lua. Lá encontramos como São Jorge e o dragão, que tinham feito as pazes. Assim
a bruxa, eu, São Jorge e o dragão iniciamos grande viagem juntos.
Voltamos para a Terra e, aqui chegando, fomos às
plagas onde a multidão havia tentado me matar. E implantamos um tal terror que
todos se tornaram nossos súditos. Ninguém queria enfrentar o dragão e sua boca
de fogo. E foi assim, em meio a essa confusão, que surgiu Portugal, cujos
habitantes não tendo o que fazer inventaram de descobrir o Brasil e as coisas
estão como estão. Pronto. É isso.
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