O manifesto das sombras
Nós, sombras, vimos anunciar que é
chegado o tempo de superaram-se todas as formas de opressão e preconceito,
domínio e crueldade. Sombras são todos os que vêm das favelas e dos guetos,
arrabaldes e ruelas, esgotos e locais ermos. Somos também feitos das mais
diversas formas de sofrimento e abandono, equívocos e perpetrações.
Nós, sombras, estamos também nos
pequenos serviços e na invisibilidade, nos trabalhos humilhantes e tarefas
perigosas; sob o sol e a chuva, nas filas e no desprezo.
Nós, sombras, reivindicamos o direito
de escapar das grades e das sentenças, das más leis ominosas e dos poderosos e
outros infames. Exigimos que tenhamos direito à luz, pois é da essência da luz
chegar a todos os pontos não podendo, portanto, ser negada sua luminosidade aos
que são socialmente distanciados.
Comunicamos que de todos os lados, nós,
sombras, sairemos. E assim como fomos postas à escuridão, como se dela fizéssemos
parte, cobraremos o preço de nossa presença com a presença de nossa dignidade e
da nossa indignação.
Nós, sombras, já estamos ao lado de
vocês. Somente não perceberam porque estão na mais sólida escuridão. Nós,
sombras, algum dia mandaremos em vocês. E lhes daremos direito à nossa luz.
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