terça-feira, 31 de julho de 2012

Estranha história do Brasil ou de como uma bruxa me salvou


O ano era 1402 e eu caminhava por estrada em um grotão quando sou assediado por homem que me pede para ajudá-lo a se livrar da sogra mediante o "uso de minhas artes mágicas". Tomado de susto recuei, explicando que não sou douto em tais procedimentos, sequer domino qualquer arte, mesmo as menores e mais fugazes. O homem não me deu crédito, dizendo que em naquela região todos me têm como "grande mago e alquimista" e assim deveria eu contribuir para livrar o mundo da terrível virago, deixando-o, ao mesmo tempo, fagueiro e feliz.
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Disse isso e deu um grito: logo formidável multidão se achegou e começou a aclamar-me como "feiticeiro digno de crédito e "grande homem das almas". Tiraram-me de sobre o cavalo e fui levado numa espécie de andor até o sopé de um monte. Ali, me foi dito, deveria eu promover "inominável feitiço" para acabar com a vida da pavorosa sogra. 

Perguntei por que aquela mulher era tão odiada, mas não tive tempo para ouvir a resposta: saindo de dentro da mata próxima uma mulher aproximou-se, mulher que a todos infundiu pavor, menos a mim: era uma bela jovem em quem todos começaram a atirar pedras. E me foi dito que aquela era a sogra. Sem compreender aquele gesto, pedi calma. Mas a multidão recrudesceu e continuou com o ataque.

Diante daquilo a mulher começou a se transformar. Tornou-se de aspecto terrível, olhos vermelhos, roupas andrajosas, dedos de unhas pontiagudas, cabelos desgrenhados. Em pouco tempo pôs por terra a muitos dos que a atacavam. Dominado pelo pânico chamei a multidão à fuga e todos nos pusemos a correr. 

 Depois de grande correria chegamos a lugar bem distante e a multidão, assim, voltou-se contra mim. Disseram que eu, como feiticeiro, havia falhado e agora seria punido. Insisti em que nunca havia sido bruxo. Mas alguém apareceu, dizendo que já havia me encomendado feitiçaria para matar um padre e havia obtido sucesso estrondoso. Desta forma decidiram que eu deveria mesmo ser punido.


Bem depressa prepararam uma fogueira e as chamas começavam a subir, eu amarrado no poste em meio à lenha, quando a bruxa apareceu em sua vassoura. Rápida como um raio arrebatou-me das chamas e atirou-se para cima. Voamos muito até chegarmos à lua. Lá encontramos como São Jorge e o dragão, que tinham feito as pazes. 


Voltamos para a Terra e, chegando às plagas onde a multidão havia tentado me matar. E implantamos um tal terror que todos se tornaram nossos súditos. Ninguém queria enfrentar o dragão e sua boca de fogo. E foi assim que surgiu Portugal e depois de Portugal veio o Brasil e as coisas estão como estão.

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