quarta-feira, 28 de março de 2012

De como uma orca invadiu a redação da Tribuna do Norte

Sendo hoje o Dia do Diagramador quero prestar minha homenagem a esses jornalistas. São eles que fazem a programação visual das edições. Homenageio os colegas na figura de dois dos grandes monstros com quem já trabalhei: Moacir Oliveira, o Moaça, a velha Orca, e Enéas Peixoto, o velho Zé de Ena. Temperamentais, sérios, competentes, trabalhadores, talentosíssimos. E dignos, muito dignos.

Vou contar como Moacir ganhou o apelido de orca. Naquele tempo jornal era redigido a máquina de escrever e diagramado em papel e régua. As redações eram ambientes esfumaçados, regidos a gritos e imprecações, encharcados de café e estresse. Não podia haver melhor inferno do que esse.

Pois bem: foi em meio a essa loucura que um dia, coisa de seis da noite, máquinas disparadas, fotógrafos correndo para o laboratório, a redação a um grau de loucura, que Moaça começou com um estranho hábito que nos atormentou por vários dias: de repente, tomado por algum espírito zombeteiro, emitiu um alto, longo, forte, agudíssimo e poderoso guincho, que se sustentou no ar com a intensidade de um saca-rolha entrando em seu ouvido. 

Enquanto ele despachava seu terrível som a redação começava a parar. Cigarros eram depositados nos cinzeiros, carros de máquina silenciavam. Alguns de nós chegavam a tapar os ouvidos. E o velho Moaça, firme: "Innnnnnnnnnnnnnnnnnnnnnnnnnnnnnnnnnnnnnnnnnn...!!!"

Só parou quando acabou o fôlego. E ele ria, ria muito da temível sonoridade que há pouco havia perpetrado.

Mas, enfim, terminada aquela ópera dos infernos, suspenso o guincho até a tarde seguinte, Enéas disse, procurando Moaça que havia saído da redação: "Cadê a orca?"

E foi assim que a velha redação da Tribuna do Norte ganhou, além do aquário do editor, a presença, a grande presença daquela orca no nosso mar tribulado de mil momentos, como só se viam naqueles tempos de grandes navegações.

2 comentários:

Anônimo disse...

Tenho que rir da orca do peixoto, o eneas, grande figura

José Valdir Julião disse...

o grande "Moaça, hoje aposentado, também tinha um bordão bem original, quando se dirigia a uma pessoa: "Tudo errado!"