quarta-feira, 22 de fevereiro de 2012

Um novo e maravilhoso mundo

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Certa feita, em 1437, fui procurado por homens que queriam saber se, do ponto em que eles se encontravam, tendo à frente o mar, haveria novas terras. Nessa época eu trabalhava com o vidro e, fazendo-o encurvado, conseguia ver cousas muito distantes, até mesmo cousas de outros planetas. Peguei meu mais precioso aparelho, assetei o óculo e vi, distante, do outro lado do oceano, terras mui. Mas, como lhes sabia os terríveis intentos, de levar até lá suas guerras, lutas e devastações, neguei: "Nada há no mar além do mar."


Mesmo assim, eles insistiam: "Tendes saberes estranhos, ora. Assim, se te dermos muitos navios, todos abarrotados de terra, podereis seguir com tais naves e, longe, muito longe, atirar ao mar tamanha quantidade de terra que ali surgirá um novo continente para que o possamos descobrir." Rápido no pensamento aceitei a a proposta, estimando que aquela estabanada loucura em nada daria. Não haveria como encher navios com tanta terra para formar um novo continente. De qualquer forma, faria um belo passeio nas terras que avistara. E, lá chegando, não mais voltaria, impedindo também que os navios regressassem com a notícia de sua existência.


Dias após estava eu à testa de grande frota de navios e partia. Mas, como os empreendedores de alguma forma temiam cousas desatinadas e o fracasso da missão, deram-me por tripulação uma récua de loucos, desocupados, biltres e outros malfazejos, charlatães e mulheres da fortuna. Achei ótimo. Seria com aqueles que fundaria meu mundo nas terras que havia visto.


Tempos após, de grande navegação, aproximamo-nos das terras novas e os loucos todos gritaram que as haviam avistado. Fez-se grande alarido. Nesse momento adveio enorme, brutal tempestade e, para nosso terror, as lindas terras foram tragadas pelo mar fremente após três dias de fúria elemental. 


Milagrosamente todos os nossos navios suportaram o pavor e flutuavam. Demos então início à nossa obra: os loucos, os biltres, os jogadores enfim, todos os velhacos, puseram-se a derramar no oceano toda a terra que havíamos trazido e ao cabo de um mês de luta estava criado um novo continente, ao qual vieram aportar aves e animais que andam, muitos e de todos os tipos, que de alguma forma não haviam sido tragados pela refrega da destruição. 


Descemos todos e assumimos nossa obra, que a todos nos encantou. E, para alegria de todos os desatinados, descobrimos que nosso mundo flutuava. E que, quando navios e outras embarcações de nós se aproximavam, o vento nos levava adiante e eles não podiam tomar posse desse mundo. E assim vivemos até hoje, sem jamais sermos descobertos. A única coisa que às vezes nos apavora é a morte.

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