quarta-feira, 26 de outubro de 2011

O detalhe da qualidade

Walter Medeiros
waltermedeiros@supercabo.com.br

As Centrais do Cidadão, com este ou outros nomes que foram ganhando à  medida que se instalaram Brasil afora, aliaram a facilidade que criam  para quem tem problemas a resolver nos órgãos públicos que elas reúnem  a uma eficiência que veio do modelo de serviço diferente. São uma  espécie de serviço avançado, com capacidade de solucionar muitos dos  problemas vividos pela clientela. Para tanto, necessitam de excelente  estrutura; funcionários com qualificação destacada, e por isso mesmo  até melhor remunerados; e gerência exigente, para garantir o melhor  fluxo do serviço.

Poucas vezes precisei dos serviços das Centrais do Cidadão, mas sempre  observei e procurei acompanhar sua atuação, com extremo respeito  àqueles que fazem a linha de frente do serviço público. Ciente da  orientação do serviço, conforme divulgado ao público, vivo na torcida  para que aqueles servidores mantenham o padrão proposto, sem perder a  qualidade, que é um dos destaques mais importantes para a impressão  que a sociedade tem do serviço. Cada unidade é exemplo de atividade,  resultado e atendimento à clientela, diferente da imagem pejorativa  que fazem do serviço público, segundo a qual o servidor vai para a  repartição tomar cafezinho e conversar.

Sou servidor público, uma das coisas que mais gosto é cafezinho, mas  trabalho muito e faço jus aos meus proventos. Da mesma forma que a  grande maioria dos servidores, injustiçada por esta imagem distorcida,  principalmente aqueles das Centrais do Cidadão. Que estas brincadeiras  de mau gosto sejam correntes em meios humorísticos, até se entende e  sabemos que existem servidores que dão margem a esta situação. Mas  considero de uma infelicidade e grosseria imensa a afirmação do  governador Marconi Perilo, que disse no final de semana passado em  Natal que entregaria serviços públicos a organizações não  governamentais, porque, segundo ele, trabalho de servidor público não  rende. Acho que ele está mal encaminhado.

Mas o que pretendo mostrar mesmo é que o serviço da Central do Cidadão  precisa manter todo cuidado com o padrão, exercitando a todo momento o  que os administradores modernos em seus modismos absorveram e chamam  de check list, pois qualquer item que falte cria problemas. O fato é  que minha habilitação venceu e fui ao Detran na Central do Cidadão do  Via Direta. Renovada a Carteira, o atendente perguntou se eu queria  receber o documento em casa ou no posto do Correio que fica no mesmo  local. Optei por receber no Correio, Em 72 horas.

Tranquilo com a renovação da Carteira Nacional de Habilitação - CNH,  não tive tempo nem pressa para ir buscar, até porque sou daqueles que  têm seguro no veículo, mas não arriscam. Se a habilitação está  vencida, quem dirige é a mulher que, aliás, é portadora de uma  carteira “D”, com autorização para dirigir até ônibus e carreta. Isto  porque apesar de fazer décadas que não me envolvo em acidentes de  trânsito, tenho a impressão de que a Lei de Murphy funciona aí: se eu  dirigir sem a carteira, é quase certo que algo acontecerá.

Mas resolvi ir buscar o documento no Correio, conforme acertado.  Surpresa ao chegar ao local: a carteira foi enviada para o meu  endereço. E não foi por engano, pois optara por ir buscar no local. É  que se não for buscada em cinco dias, segue pelo correio. Como vimos, não foi isso que ficou acertado, nem me avisaram desse procedimento.  Por conta desse detalhe, que compromete a qualidade do serviço, dei a viagem perdida e desencontrei da carteira, pois enquanto fui buscar,  tentavam entregar o que eu não pedi.
*Jornalista

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