sábado, 11 de junho de 2011

Leio na Folha e reproduzo:

Edição destaca pioneirismo de Braga

Ao ocupar vão entre jornalismo e literatura, capixaba é apontado como fundador da crônica moderna brasileira

Lançamento traz carta e texto inéditos, além de antologia de trechos, depoimentos, fotos e análises sobre autor

Fotos Divulgação/Arquivo Roberto Seljan Braga

O cronista Rubem Braga em autorretrato não datado

FABIO VICTOR
DE SÃO PAULO

Cigano, Seu Rubis, Lobo, Urso, Sabiá da Crônica, Príncipe da Crônica, Fazendeiro do Ar, Velho Braga.
Quietarrão que disfarçava o banzo em tantos apelidos -alguns dados por si próprio- , jornalista que elevou a crônica ao nível de grande literatura, Rubem Braga (1913-1990) volta à ribalta.
É o homenageado da nova edição dos "Cadernos de Literatura Brasileira", do Instituto Moreira Salles. A série iniciada em 1996, que alcança o 26º número, pela primeira vez se debruça sobre um cronista típico, alguém que fez da miudeza do cotidiano seu substrato e do jornal seu meio.

A deferência se justifica. Como aponta José Castello num ensaio da edição, ao se colocar simultaneamente à margem da literatura e da imprensa, perfilando-se num intervalo entre os dois, Braga "afirma a absoluta singularidade do que escreve" e "se torna o fundador da crônica moderna brasileira".

"Nossa escolha é o reconhecimento da crônica como uma forma literária autenticamente brasileira e de Rubem Braga como nosso cronista mais interessante", diz Antonio Fernando de Franceschi, diretor editorial dos "CLB". A edição do volume é de Manuel da Costa Pinto.
Em termos biográficos, a homenagem não traz novidades para quem leu "Um Cigano Fazendeiro do Ar" (Globo), a biografia de Braga escrita pelo jornalista Marco Antonio de Carvalho.

Mas há uma crônica inédita em livro (e possivelmente na mídia, segundo os editores), em que Braga detalha a criação do seu lendário terraço numa cobertura em Ipanema. E uma carta do cronista a Miguel Arraes (1916-2005), felicitando-o pela eleição ao governo de Pernambuco em 62. Marca dos "CLB", o diferencial está também no conjunto sintético sobre vida e obra do cronista, nas fotos, na antologia de frases e nas análises e depoimentos.
Nesta última seção estão textos de Danuza Leão (leia trecho ao lado), do jornalista Claudio Mello e Souza e do tradutor Boris Schnaiderman -que participou da campanha da Força Expedicionária Brasileira na Segunda Guerra e critica a cobertura que Braga fez do conflito como enviado do "Diário Carioca".

Além do ensaio de Castello, há os de Humberto Werneck (que selecionou, com Michel Laub, trechos de crônicas) e de Sérgio Augusto. Entre os deslizes, um que decerto faria Braga resmungar: na introdução do "Caderno" ("Folha de Rosto"), há termos e expressões como "inconsútil", "do alto do seu dossel" e "restaura o labor", tão distantes de seu estilo límpido e desempolado.

Como complemento ao lançamento, o blog do IMS (blogdoims.uol.com.br) vai publicar nos próximos dias as três melhores crônicas de Braga escolhidas por um time de jornalistas e escritores. O IMS não bateu o martelo sobre o próximo homenageado dos "Cadernos", mas Franceschi dá a pista. "Vale lembrar que em 2012 teremos os 110 anos de nascimento de Drummond."

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