Noivo mata a noiva no dia do casamento
O excesso de racionalismo, o objetivismo, o engradamento do repórter às declarações oficiais termina por retirar ao jornalismo seu principal propósito: a informação. Na matéria do Estadão, abaixo, você poderá perceber isso. Fez-se a cobertura do acontecimento somente a partir do que "foi declarado", não a partir do que a repórter investigou. E isso pelo simples fato de que ela não investigou. Resultado: não se sabe o motivo do crime seguido de morte do assassino.
Limitou-se ao declararório policial e alusão a palavras de familiares. Mas não aprofundou o caso. Ao final da matéria o óbvio: o caso será investigado - pela polícia, não pelo jornal - nos próximos dias, quando hipóteses para sua ocorrência serão levantadas. Mas isso deveria ter sido já feito pelo jornal. É responsabilidade do jornalista antecipar os fatos, apresentar estimativas credíveis a respeito do que virá a acontecer. O texto frio e tosco não cumpriu com essa missão. Abaixo, a matéria.
Noivo mata noiva e padrinho em festa de casamento, no Recife
Depois dos assassinatos, Rogério Damascena atirou contra si, na cabeça; um outro convidado também foi ferido pelos disparos
Angela Lacerda
RECIFE - Uma festa de casamento, realizada em um condomínio de classe média alta, na Estrada de Aldeia, no município metropolitano de Camaragibe, terminou em tragédia na madrugada deste domingo, 19.
O noivo, o supervisor de vendas Rogério Damascena, 29 anos, matou a noiva, Renata Alexandre Silva, 25 anos, o amigo e padrinho, Marcelo Guimarães, 40, e depois atirou contra si, na cabeça. Um outro convidado também foi ferido pelos disparos, mas não corre risco de vida.
Rogério e Renata haviam se casado no civil na sexta-feira, 17. A festa, para 200 convidados e que só terminaria com um café da manhã, foi presente da família da noiva.
De acordo com o delegado do Departamento de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP) João Brito, encarregado da investigação, o crime foi premeditado. "Eram cerca de duas horas da manhã e a festa estava no auge, quando o noivo disse vocês vão ter uma surpresa", afirmou Brito. Depois, ele teria saído e voltado com a arma, começando a atirar.
Tudo indica, segundo o delegado, que arma estava escondida numa caminhonete que pertence ao pai de Rogério, mas era usada por ele. A polícia não encontrou a arma.
Sem poder ouvir de imediato os familiares e convidados que testemunharam o crime - todos chocados e cuidando de velório e enterro - a polícia não levanta hipóteses para a tragédia, o que poderá ocorrer depois do depoimento das testemunhas.
Informalmente, alguns familiares disseram ao delegado que os noivos estavam muito felizes. Ninguém conseguia entender. Renata e Marcelo morreram no local. Rogério ainda chegou a ser hospitalizado, mas teve morte cerebral pela manhã.
Os corpos de Ranata e Marcelo seriam enterrados ainda neste domingo, 19 - no Hospital Santo Amaro, no Recife, e no Morada da Paz, no município metropolitano de Paulista, respectivamente. O enterro do corpo de Rogério estava previsto para segunda, 20, também no cemitério de Santo Amaro.
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