A luta pela vida e a coragem do sofrer

As coisas de jornal há muito tempo popularizaram a expressão"lutava contra um câncer " sempre que se referem a pessoas que morreram após sofrer longamente com essa enfermidade. Há algo de verdade, há algo de sinistra e bruta exatidão. A ciência, em seu enfrentamento com a bruxaria e os milagres levou a melhor e tornou-se a arma, a espada, golpe e contragolpe a cada passo da doença, que deixa de ser forma de desequilíbrio da higidez e passa à condição de "inimigo".

Não é incomum na medicina o uso da expressão "medicamento heroico" atribuída à medicação antagônica que ataca o mal atacante e o domina; guerra, estratégia, combate, tática firme contra Tânatos. 

Assim, acompanhamos pelas coisas de jornal da grande imprensa a luta brava e martirizada do vice, José Alencar. Há algo de epopeico nessa humana e dramática vida. A rigor, ele sabe que não sobreviverá. Mas insiste e acata métodos e técnicas médicas; aceita em seu corpo a ferida cirúrgica, o bisturi que produz a dor e o talho benigno, o ferimento solidário. 

Alencar segue, com humildade franciscana, seu roteiro. No fundo, é como se dissesse que o combate vale pelo combater, não pela vitória, glória ou exaltação. É um grande servidor da Vida. Sua luta é prece e ogrande soluço da grande dor do simplesmente estarmos vivos.