domingo, 27 de junho de 2010

O DIÁRIO DE BICALHO

Colendo Diário,

Tenho percebido que indivíduos molestos e de sombrios intentos parecem querer me sequestrar. Acho mesmo que a mocinha que serve café no escritório está de campana para eles. Como sei? Simples: depois de beber a terceira xícara hoje de manhã, senti que estava meio tonto. Claro, um homem entontecido é facilmente capturável e pode ser levado a qualquer lugar.

Então, precavido que sou, entrei em contato com um amigo policial que me advertiu: "Cuidado, que mocinhas que servem café são famosas por sua temibilidade". Então, como ainda me sentia tonto, fui à casa de um amigo, médico, em quem eu esperava poder confiar.

Ledo engano. Lá chegando, fui tomado por horrível surpresa: meu amigo, em vez de levar-me ao gabinete, encaminhou-me a local onde está desenvolvendo terribilíssima experiência: está criando milhafres, amigo. Milhafres, entende? Quem cria milhafres, amigo Diário, é pessoa em quem não se pode confiar.

Os milhafres, quando me viram, começaram a crocitar. Com certeza preparavam um ataque a qualquer momento. Ele, calmamente, falava de como aqueles pássaros sinistros eram dóceis e bons e de como, treinados, poderiam se tornar guardiães perfeitos de uma casa.

Só pode estar louco. Sei que milhafres chegaram a investir contra ninguém menos que Moisés. Não sabia? É claro. Isso é informação confidencial. Informação classificada, como se diz naqueles filmes de espionagem. Poucos sabem, porque o Mossad não quer que a informação possa servir a terroristas.

Mas, como eu sei, entendi que meu amigo médico seja do Mossad e tencionasse me matar. Percebi que ele estava certo de que eu quero atacar Israel  aquela era a melhor oportunidade para me eliminar. Depois de morto, eu seria devorado pelos milhafres. Nunca mais se ouvuria falar de mim.

Astuciosamente recuei e fugi. De longe ainda ouvi quando ele gritava: "Espere, espere! Venha conhecer minha criação de babuínos!" Com babuínos é morte certa. Entrei no carro e fui para casa. Quando desci, minha sogra estava me esperando. A seu lado enorme mastim napolitano...

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