
Quando era normal ser diferente e quando é normal ser falsificado
Emanoel Barreto
Twiggy, nos anos 1960, era um nome de modelo que acirrava discussões e estimulava um estilo de vida, cult entre as meninas. Afinal, estávamos em uma época em que ser divergente era ser normal. Muito mais que uma meninota que vendia vestidos e modismos ela era sinônimo de transgressão. Era uma pessoa icônica. Vendia moda? Sim. Mas, ela própria era uma espécie de marca comportamental, representava uma atitude.
Twiggy, nos anos 1960, era um nome de modelo que acirrava discussões e estimulava um estilo de vida, cult entre as meninas. Afinal, estávamos em uma época em que ser divergente era ser normal. Muito mais que uma meninota que vendia vestidos e modismos ela era sinônimo de transgressão. Era uma pessoa icônica. Vendia moda? Sim. Mas, ela própria era uma espécie de marca comportamental, representava uma atitude.
O tempo passou; Twiggy, magérrima, envelheceu, sumiu, engordou. Agora, volta à cena como uma velhota de 60 anos assanhada. Só que, ao contrário do tempo em que representava transgressão, busca vender produtos que façam a mulher já entrada em anos sentir-se mais jovem - que ser jovem hoje é obrigação ditada pelo mercado. Para tanto, valem desde os enchimentos de silicone até produtos para a pele.
Nas fotos lado a lado, vê-se como ela está hoje. As imagens são parte de campanha publicitária de um creme antirruga. A comparação entre a da direita com a da esquerda sugere que basta seu uso para a mulher, milagrosamente, tornar-se mais jovem.
A veiculação estava sendo feita na Inglaterra e foi, claro, proibida por ser inegavelmente uma fraude, já que a Twiggy mais jovem é resultado de tratamento digital aplicado à foto. Síntese da questão: o mercado, o velho mercado, se utilizava da figura de uma jovem esguia para promover vendas mediante atitudes que pareciam discrepantes. Agora, pega a mesma jovem, envelhecida, para continuar a vender. A ilusão, ao que parece, é mesmo a essência nossa sobre a Terra.
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