sábado, 19 de dezembro de 2009

Charge de Gilmar
A pequena política do Rio Grande do Norte
Emanoel Barreto

O pensador italiano Antonio Gramsci, nos cárceres de Mussulini, construiu obra de análise política larga e profunda, que repassava ao mundo em anotações que hoje constituem-se em monumental trabalho cuja validez é incontestável, uma vez permanecentes as condições históricas entre exploradores e explorados.

Gramsci falava na existência de duas políticas: a grande política e a pequena política. A primeira diz respeito às ações de grande vulto, voltadas para a fundação de Estados, as medidas tomadas para mudanças estruturais; a outra, praticada na mesquinharia de corredores e câmaras secretas, atendentes aos interesses pequenos da politicalha.

Estamos às vésperas de novas eleições para cargos majoritários e proporcionais. E damos continuidade à pequena política. Ao disse-me-disse de noticiários episódicos, declarações de políticos que buscam se afirmar. No jornalismo não há análises de quadro, que poderia tomar como referente o fato de que são os mesmos atores que comparecem ao proscênio, com discursos semelhantes.

A fase pré-eleitoral mantém-se no velho estilo: a fulanização da campanha. Não diz respeito a projetos de governo, atitudes de mudanças estruturais, reversão de injustiças sociais históricas. O noticiário se contenta com o registro episódico de resultados de pesquisas que terminam por se tornar, elas mesmas, parte do discurso glorificador do candidato que esteja em vantagem momentânea.

Enfim, é isso: a pequena política, a microcefalia política, em que ao povo, aquele que sofre o resultado das ações, compete apenas o papel de fazer eleger um candidato, mais um. Gramsci dorme.

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