sábado, 21 de novembro de 2009

Rogério Cassimiro - 22.jul.2008/Folha Imagem
Quanto vale e biografia de um homem
Emanoel Barreto

O ex-prefeito de São Paulo Celso Pitta (PTB) morreu na noite desta sexta-feira aos 63 anos. Ele estava internado no hospital Sírio-Libanês, onde fazia tratamento contra um câncer no intestino.

Celso Pitta foi prefeito de 1997 a 2000 e sua gestão foi marcado por várias denúncias
Em janeiro deste ano, o ex-prefeito foi submetido a uma cirurgia para retirada de um tumor no intestino e, desde então, fazia tratamento com quimioterapia no hospital.


Afilhado político do deputado Paulo Maluf (PP), Pitta administrou a Prefeitura de São Paulo no período de 1997 a 2000. Sua gestão foi marcada por uma série de denúncias. A principal delas foi o esquema de corrupção batizado de "escândalo dos precatórios".

Ele acabou afastado do cargo por 18 dias --sendo substituído por seu vice-prefeito, Regis de Oliveira--, mas retomou o cargo em seguida. Concorreu a deputado federal e perdeu em duas ocasiões, mas manteve sua filiação ao PTB.

Em julho do ano passado, Pitta foi preso pela Polícia Federal durante as investigações da Operação Satiagraha, que investiga crimes financeiros atribuídos ao banqueiro Daniel Dantas, do Opportunity. O ex-prefeito e os demais investigados presos foram soltos depois.

A investigação da PF resultou em uma denúncia do Ministério Público Federal, que acusou Pitta por corrupção passiva, evasão de divisas, lavagem de dinheiro, formação de quadrilha e organização criminosa. Todos os pedidos foram integralmente aceitos pela Justiça Federal.
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Construímos nossa biografia e nossa imagem cotidianamente. O que fazemos, especialmente aquilo que socialmente se torna exposto em nosso comportamento, e no que dizem a respeito delo, constituem uma espécie de patrimônio pessoal socialmente apropriado. Nossa vida de alguma forma passa a pertencer aos outros, ao juízo coletivo, que é um misto de severidade e leviandade.

Severo, tal juízo o é quando opinião pública injusta incide sobre alguém. Leviano, quando o disse-me-disse espalha rumores, confusões, mentiras a respeito de alguém, seja figura de relevo ou simples mortais sem vida midiática.

A leitura do perfil biográfico de Pitta, que transcrevi da Folha Online, é um deplorável legado à sua memória. O homem, plenamente imantado da condição do político, morre, deixando aos seus filhos a acabrunhada missão de defender um pai que, à nação, era sinônimo de corrupto.

Temos, de alguma forma, uma espécie de missão: agir segundo a ética. Não apenas por ser algo necessário; melhor diria, essencial, ao convívio social, mas também por apreço a si próprio. Quem age em sentido contrário termina por lavar-se com a pegajosa substância que impregna, na política, o gesto feio, a coisa feia, da qual, e todos sabem disso, jamais será possível se livrar.

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