sexta-feira, 20 de novembro de 2009


Foto: reprodução
A mulher do presidente ficou nua. Mas ninguém comprou a foto
Emanoel Barreto

Deu na Folha Online: Uma foto da primeira-dama da França, Carla Bruni, posando nua em 1993, tirada pelo fotógrafo de moda Michel Comte, não encontrou comprador em um leilão organizado nesta sexta-feira em Paris, uma vez que o preço máximo oferecido ficou abaixo do preço de reserva.

O preço inicial da fotografia de Bruni, que na época trabalhava como modelo para destacados estilistas, foi fixado em 4.000 euros.

O preço de venda estimado da imagem, leiloada na casa Druot por um colecionador alemão, foi estimado entre 6.000 e 9.000 euros.

No entanto, o maior valor oferecido pelos participantes do leilão foi 5.800 euros, em menos de 90 segundos.


Como era inferior ao preço de reserva, a oferta não foi aceita.
Em abril de 2008, uma fotografia idêntica de Bruni foi vendida na casa Christie's de Nova York por US$ 91 mil.


Dois meses depois de se casar com o presidente francês, Nicolas Sarkozy, a foto de Carla Bruni gerou enorme interesse entre os meios de comunicação e colecionadores.
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Vivemos, como dizia Guy Debord, a sociedade do espetáculo, da vivência do cotidiano como uma espécie de encenação, comportamentos cifrados, atitudes regidas, expressas em ações inconscientemente mecanizadas.

A rigor, qual o valor, qual a importância essencial da foto de uma mulher nua? Nenhum, pode-se responder sem qualquer reflexão, por mínima que seja. Então, por que a foto, à época de sua divulgação, causou tando alarido? Simples, porque se trata de mulher de presidente de uma das potências mundiais.

Como não é comum que primeiras-damas sejam expostas em situação de nudez, o voyeurismo público tornou-se ávido pela imagem. A suposição implícita de leviandade, de quebra de um presuntivo decoro do papel social de uma primeira-dama, foi o toque de cristal que disparou a curiosidade da mídia, que contrastava seu passado profissional com sua situação posterior.

Passada a onda vem a realidade: é apenas uma foto, mais uma, de beldade expondo seus dotes finamente captados por fotógrafo competente, um artista. Que compôs, como um pintor, o retrato encantador da beleza feminina.

A imagem, que traduz uma espécie de tímida sensualidade - observe a posição dos pés lembrando uma menininha, a contida voluptuosidade da imagem como um todo - sugere encanto, evanescência, sedução maravilhada, alumbramento da modelo e do seu observador.

Artisticamente, é isso. Midiaticamente, apenas uma jogada que, como se viu, não valeu a pena. Ela já declarou que não renega o passado e o marido parece estar muito bem com a mulher. Afinal, como dizia antigo ditado, tanto faz ver como saber que tem.

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