quinta-feira, 19 de novembro de 2009

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O fim da peçonha
Emanoel Barreto

O Brasil quer valorizar suas credenciais diplomáticas promovendo a reconciliação no Oriente Médio, ao receber na semana que vem o presidente do Irã, Mahmoud Ahmadinejad, apenas duas semanas depois de uma visita do presidente de Israel, Shimon Peres.

O diálogo Brasil-Irã conta com o apoio do governo americano, já que, segundo autoridades brasileiras, o presidente Barack Obama pediu em março ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva que conversasse com Ahmadinejad.

"Acreditamos que é muito mais importante manter um diálogo com o Irã do que simplesmente dizer não, deixá-los estigmatizados e isolados", disse Marco Aurélio Garcia, assessor especial da Presidência da República para assuntos internacionais, semana passada a jornalistas no Rio. "Obama disse que um diálogo entre o Irã e o Brasil é importante."

Obama tem dito que o tempo está se esgotando para que a diplomacia resolva o impasse em torno do programa nuclear iraniano, que potências ocidentais suspeitam estar voltado para a produção de armas atômicas. Teerã afirma que seu objetivo é gerar eletricidade para fins civis.
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Pincei os trechos acima da Folha Online. Ali está indicado, por implicação, que a diplomacia brasileira aproveita o momento histórico favorável para alavancar a presença do país como ator proativo no cenário internacional. Por decorrência da gravidade política, afigura-se o presidente Lula como figura central na tratativa de impasses entre as nações.

Os jornalões afirmam que Lula, após cumprido o mandato, teria interesses em passar a integrar os quadros da ONU como interlocutor privilegiado, tornando sua figura histórica bastante sobrelevada. Lula estaria também sonhando em ser o próximo Prêmio Nobel da Paz, é o que dizem as ilações dos grandes jornais brasileiros.

Especulações à parte, há um dado concreto. E este vem dos Estados Unidos: a preocupação de Obama com o arsenal nuclear do Irã. É válida a preocupação, pois o mundo está precisando de civilização, o que pode-se ler como paz, respeito humano, alimentos, equilíbrio, justiça social...

Mas, por outro aspecto, há um dado paradoxal: por que os Estados Unidos têm tal preocupação? Afinal, são o país como o maior potencial destrutivo do planeta. Desmanche do enigma: os EUA sim, podem ter armas nucleares, os outros, não. Percebe o paradoxo? Eles são o bem, as armas em seu poder estão em mãos responsáveis. O "perigo" está nos outros...

O discurso, em si, é vazio, pois não implica destruição das armas atômicas, mas, tão-somente, o desarme dos demais países. Assim, fica mesmo difícil conversar. As bombas devem ser varridas da face da Terra, claro. Mas, o discurso americano é falso. Seria como a cascavel pregando o fim da peçonha.


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