quinta-feira, 6 de agosto de 2009

Já que está, deixa ficar
Emanoel Barreto

Um dos motivos para a manutenção de um estado de coisas onde imperam a desigualdade e injustiças sociais é a indiferença. A letargia social, que alheia o cidadão e obscurece seu juízo crítico, permite que situações históricas de exploração e espoliação se façam mais que permanentes, tornem-se eternas.

Percebemos isso agora, quando não se vê qualquer reação de sociedade civil frente ao covil em que se transformou o Senado. Aparentemente distante, a sociedade não se manifesta ante o descalabro, a imoralidade, os atos mais cínicos da tropa de choque que defende o soba maranhanse Jose Sarney.

A indiferença, assim, se transforma no motor da alienação. Tudo é festa, especialmente para aqueles que se nutrem da fome imposta ao povo. Ao que parece, salvo fato novo, nem Sarney nem os atos secretos serão banidos. As pessoas, qualquer pesquisa pode constatar, já se acostumaram com o "não vai acontecer nada", repetem esse refrão como um mantra e passam a entender as patranhas como coisa dada e natural.

Você imagina isso acontecendo nos Estados Unidos, França ou Itália? Certamente não. Primeiro, porque não aconteceria mesmo e, ocorrendo, sem dúvida as multidões acorreriam às ruas, em protestos e indignação.

Não se trata de qualidade ou característica de um povo essa indignação. Não, não é. Aqui, isso resulta de longo e leniente processo histórico de acatamento da ordem da desordem, da prevalência das elites, tornando universais os seus interesses. O brasileiro não "é", em essência, indiferente. Nenhum povo o é. Somos o amálgama secular do predomínio das elites.

E enquanto não nos acostumarmos a protestar - não falo em bagunça ou arruaças - a fazer valer nossa voz de sociedade civil, tudo ficará como está. E, como já está, tende a ficar.
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ZOORÓSCOPO

TUBARÃO BRANCO - Talvez você conheça alguém nascido neste zoosigno. São grandes, fortes - econômica e fisicamente - e podem ser facilmente vistos pilotando aquelas Hilux. As previsões indicam que seu futuro, próximo ou distante, será pleno de riquezas e fartura. Mas, acautelem-se. Não tentem casar como mulheres em Orca. Serão tragados ou se acabarão em grande luta judicial pela posse dos bens do casal em caso de divórcio.



Um comentário:

Erika Zuza disse...

Oi Prof Emanuel, cm vai? Que alegria descobrir o seu blog! Ótimas leituras!