domingo, 5 de julho de 2009

Ó Deus, ele morreu...
Emanoel Barreto

Deu na Folha: Mais de um milhão de pessoas se registraram na internet para o sorteio das apenas 17.500 entradas que permitirão acesso ao funeral de Michael Jackson na próxima terça-feira (7), em Los Angeles, informou neste sábado (4) em comunicado a empresa porta-voz da família do cantor.
Um total de 1.223.978 pessoas tinham se inscrito na página do ginásio Staples Center, que receberá a cerimônia, até as 17h (hora em Brasília) deste sábado.
Na sexta-feira, a empresa AEG, responsável pela organização do funeral, assinalou que abriu o processo de registro a pessoas que não vivem nos Estados Unidos, uma modificação ao anúncio realizado na manhã de quinta em Los Angeles.
Os que quiserem assistir ao memorial terão a sua disposição 11 mil entradas para o Staples Center e outras 6.500 para o teatro Nokia, a poucos metros do ginásio, onde a cerimônia será transmitida.
O funeral do rei do pop será transmitido para todo o mundo.

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A orgia midiática em torno da morte do cantor bem merece um estudo acadêmico. Há algo de profundamente histérico nesse concerto de insanidade. Histeria social pré-fabricada a partir e em torno da indústria de discos e da TV. Jackcon, um ídolo pop, um produto dessa indústria, conseguiu como que fazer a catarse da nossa idade, a idade da loucura administrada com fins de lucro.

É lamentável a sua morte, como assim também o é a morte dos que nos são próximos e nos deixarão saudades e até mesmo um dor pungente. A primeira morte, a morte do anônimo, causa a devastação amorosa dos que o querem bem. Vem o luto e a sua necessária superação. Não é o caso do saltitante artista.

A partir dela, o sistema de lucro da indústria cultural vai estabelecer seu esquema de ação: virão discos com músicas inéditas, CDs com últimas imagens, imagens raras de Jackson falando com amigos, Jackson andando, Jackson pensando, Jackcon isso, Jackson aquilo, Jackson aquilo outro...

Tudo uma manipulação até mesmo macabra, explorando até à última gota a vida de um ser humano que viveu disso e para isso: escândalos, frivolidades, bizarrices. Ah.!, dirão, mas era um artista, um ser sensível, pleno de virtudes, complexidades, problemas que somente a sua poética idissoncrática poderia fazer e se auto-compreender.

Pode até ser, mas, menos. Por favor, menos. Por trás de tudo estava o dinheiro, a narcísica e doentia necessidade da fama, o peter pan que gostava de meninos. Michael Jackson sim. Mas, por favor, menos...






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