terça-feira, 12 de maio de 2009

Isso é incrível!
Emanoel Barreto

Veja o que diz a Folha: O filme "Divã" ultrapassou neste fim de semana a marca de 1 milhão de espectadores nos cinemas brasileiros.
Segundo o Filme B, a comédia foi vista por 1.085.456 de pessoas, sendo que neste fim de semana, ela atraiu 150 mil espectadores ao cinema. O longa, dirigido por José Alvarenga Jr., é protagonizado por Lília Cabral, no papel de uma mulher de meia-idade que se separa do marido (José Mayer) e acaba se envolvendo com dois homens mais jovens (interpretador po Reynaldo Gianecchini e Cauã Reymond).

O filme ficou em terceiro lugar nas bilheterias nacionais, com R$ 1,2 milhão. Na sua frente, ficaram os blockbusters "X-Men Origens: Wolverine" (com R$ 4,6 milhões) e "Star Trek" (R$ 1,4 milhão).

...... A notícia exultante da Folha informa algo realmente muito bom: um filme nacional com grande bilheteria. Mas traz outro aspecto, esse não tão bom: o fato de que a colonização cultural vinda dos Estados Unidos predomina sobre esse tipo de obra de arte. Tanto, que o jornal comemora, ao anunciar o sucesso de público.

Somos um país de grandes artistas, diretores e pessoal técnico. Na música, nas letras, no teatro, no cinema. Mas, apesar disso, o predomínio americano é tão forte que produções nacionais cinematográficas são poucas, não há investidores.
Trata-se de algo preocupante. Nós não nos representamos nas telas, não há Brasil nas salas de cinema. A paisagem, o mundo cinematográfico que vemos vem dos Estados Unidos. E isso tem grande capacidade de impregnar o imaginário coletivo, provocando um efeito de descolamento frente à nossa realidade.

Já notou que, nos comerciais, a paisagem urbana é feita em locações que relembram a arquitetura americana? Preste atenção e verá que tenho razão. E isso em função de que vemos tantos filmes de Hollywood, que essa paisagem já se entranhou em nossa cultura visual.

Os publicitários perceberam isso. E se utilizam desse estratagema para ampliar o efeito de verdade dos comerciais para vender carros, por exemplo. Espero que "Divã" continue a ter sucesso. E que o cinema brasileiro consiga ter o reconhecimento que merece.

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