A sofisticação, essa decadência
Emanoel Barreto
Há algo de decadente na lânguida e perversa sofisticação.
Corações vaidosos, vazios até do nada,
arfam, deliciados com uma beleza em vão.
A quem se mostra a sofisticação? A quem?
Sutil beleza afetada, olha-se no espelho
e pergunta: "Alguém mais bela do que eu?"
E o espelho, que é é ela mesma refletida, responde:
"Não, não há ninguém, porque você mesma é ninguém."
Mas isso ela não percebe, porque é sofisticada,
e se volta sempre para seu belo espelho.
Que não contém nada e está cheio de ar.
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