E Luquinha parou: queria saber o que acontecia. A polícia cercava a casa. Era um seqüestro. Dentro da mansão, um bandido que fugira dos policiais mantinha sob mira arma um menino, filho do dono da casa. Como se chamava o homem, o dono da casa? Seu Macieira, alguém disse.
Luquinha calou. Rodeou a casa. O cerco fora mal feito e ele encontrou um jeito de entrar na casa. Saltou o muro alto, correu ao lado da deliciosa piscina, entrou pela porta dos fundos. Caminhou em silêncio e viu que o bandido e o menino estavam na sala, ele falando ao celular com a polícia.
Luquinha foi ao primeiro andar, mexeu numas gavetas no quarto do casal e encontrou uma arma.
Atirou-se escada abaixo. Parou, mirou no bandido e mandou:
- Se vira pra mim! Se vira, vagabundo! Se vira, que é pra morrer!
O homem tremeu. Empurrou o menino de lado e voltou-se para Luquinha. Queria se defender. Inútil. A bala do 38 pegou-0 na testa e ele desabou. A polícia então invadiu a casa. Quando os agentes entraram, encontraram a seguinte cena: Luquinha deitado de bruços, demonstrando rendição, o bandido morto e morto também o menino.
Seu Macieira entrou e seu rosto assumiu a feição de uma máscara da morte. Dirigiu-se a Luquinha e quis saber:
- Quem é você? Como entrou aqui? Matou o bandido depois que ele matou meu filho?- Não - respondeu Luquinha. - Matei o bandido e matei seu filho.
Seu Macieira estava perplexo: - Por quê?
Luquinha respondeu: - Se lembra aquele remédio que você me negou, naquele dia em que fui lá na sua farmácia? Eu ia receber dinheiro no outro dia e ia lhe pagar. Mas não, você não podia esperar. Morreu meu filho. Agora morreu o seu.
Emanoel Barreto
Nenhum comentário:
Postar um comentário