sexta-feira, 27 de junho de 2008

Um sinistro concurso

Caras Amigas,
Caros Amigos,
Há vinte anos um grupo de tontos reúne-se nos Estados Unidos para promover um concurso que escolhe o cão mais feio do mundo. Esse ano o ganhador foi esse aí; só tem três pernas, sofre de câncer na pele e perdeu um olho em briga com um gato. A dona recebeu cerca de dois mil reais e disse que vai usar no tratamento da doença do animal.

Seguinte: como os humanos somos estranhos. Tanto nos envolvemos com o belo, o magnífico, o tranqüilo, a paisem de paraíso, quanto com o que há de pior no horror, no deplorável, no insondável, tenebroso e maléfico que existe no homem e no mundo.

É esse aspecto sombrio da nossa essência que me intriga: o deliciar-se com o sofrimento, a derrota, a humilhação, a queda pública e publicada. Como nossas mentes podem sentir prazer com espetáculos, abertos ou privados, de contatos doentios e relacionamentos escabrosos.

É próprio da condição humana esse pendular movimento entre o amor e o ódio, a serenidade e a ira; mas é acabrunhante a situação social enfermiça, essa forma de buscar prazer e satisfação na curiosidade mórbida; a deprimente descida os círculos mais abissais do inferno que habita o ser humano.
Emanoel Barreto

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