Caras Amigas,
Caros Amigos,
Estamos no ano de 2700. O mundo devastado, transformado em sórdido planeta, tem um mar feito de lodo escuro e malcheiroso, árvores serão mostradas em museus, a barbárie impera e uns poucos, pouquíssimos, terão vida digna de assim ser chamada. E um detalhe a mais: a poluição chegou a tal ponto que grudou na lua. A lua não mais é branca: está coberta de fuligem. Como solução, foi eletrificada e somente assim pode ser vista no céu. Uma gloriosa cor artificial foi-lhe jogada por enormes refletores, lá mesmo instalados, e dão a ilusão de beleza.
Todavia, um grupo de subversivos luta contra o poder central do mundo, na busca de convocar a população da Terra a se libertar, para a tentativa de um desesperado recomeço. Eles são poucos, são caçados noite e dia. Espalham panfletos, invadem emissoras de TV e rádio, imprimem jornais insurretos e resistem o quanto podem.
Então, num ato extremo, formularam um plano para mostrar aos senhores do mundo que eles podem, sim, ser enfrentados. Trabalharam meses nos detalhes, muniram-se de todo o aparato necessário e levaram adiante a sua investida. Certa noite, pavor, os olhos dos dominadores quedaram estarrecidos quando miraram o céu e nadaviram: os subversivos haviam apagado a lua elétrica. Talvez começasse ali o início de um tempo novo.
E quanto a hoje, tenho certeza: em nossos dias, será preciso também apagar a lua elétrica.
Emanoel Barreto
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