O sombrio Batman está para voltar, na produção Batman, o Cavaleiro das Trevas. Ao personagem, que nos anos 1960 era uma espécie de salvador bom-moço de Gothan City, retirou-se o companheiro Robin, um efebo que o ajudava em sua luta contra o Mal, leia-se o Pinguim, Charada e Coringa. Após, a versão do herói ganhou algo, senão de sinistro, com certeza sombrio, soturno, existencial.
Batman passou a ser mostrado como um ser tenebroso, cabisbaixo, a longa capa negra drapejando, com um brilho escuro, a cor proferindo medo. É como um ser que tivesse sobre os ombros todos os pesos, pecados e crimes da nossa condição condição humana e viciosa.
Um bom estudo de semiótica permitiria belas conclusões a respeito do discurso visual-e-de-ação de Batman. Um estudioso mais curioso poderia escrever, e escrever muito, a respeito da sua figura de assombro e sua representação do inconsciente coletivo.
Ele parece dizer, com sua face fria, recoberta pelo enigma da máscara funesta, que vem do escuro para combater a treva e que voltará ao mais oculto, secreto, pressago mundo que habita o coração trêmulo do homem. Vertigem.
Ele chega para nos dizer: "Não vim salvar a vida. Mas, resgatar despojos" - como faz com o corpo do Robin morto, na imagem que ilustra nosso texto. Batman caminha em meio a uma humanidade pesarosa. E ajuda a carpir o choro dos espectros.
Emanoel Barreto
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