sexta-feira, 23 de maio de 2008

A honradez está de luto


Caros amigos,
Uma das figuras mais preeminentes do senado, Jefferson Peres teve a vida tomada por certeiro enfarte. Austero, duro, forjou na mídia, nas coisas de jornal, a imagem de um catão. Com fria e essencial imparcialidade esgrimia no plenário o florete mais pontiagudo da ética, sem tergiversar; tinha como que uma espécie de ferocidade cívica contra ladrões e dseordeiros da moralidade.

Dizia: "Canalhas de todos os matizes: eu não sou como vocês. Ética para mim não é pose, não é bandeira eleitoral, não é construção artificial de imagem para uso externo. Ética para mim é compromisso de vida. Agir eticamente para mim é tão natural quanto o ato de respirar."

E mais: "Talvez eu tenha no máximo cinco dedos da mão de pessoas amigas. Mas tenho milhares de inimigos rancorosos. Todos os canalhas são desinibidos. Nada incomoda mais um canalha que uma pessoa de bem. Fere a auto-estima do canalha saber que há pessoas honestas."

Com a vida tomada de assalto, foi-se, com Jefferson Peres, uma daquelas figuras de liberal, honradas e probas. Sem a sua voz, sem seu carisma espartano e eriçado perde a vida pública um exemplo de homem e de parlamentar.

Dizia que este seria seu último mandato; não conseguia mais conviver no mesmo plenário - a arena donde desafiava a imoralidade - com tipos decaídos, perversos, cheios de impiedade, bárbaros habitantes da tenda dos negócios com a coisa pública.
Estamos mais pobres. A honradez está de luto.
Emanoel Barreto
Foto:http://video.globo.com/GMC/foto/0,,11724634,00.jpg

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