sexta-feira, 16 de maio de 2008

O Minotauro da vida

Caros Amigos,
Procurando na net assuntos para comentar, descobri, não sei com que atraso, que existe um movimento internacional chamado Peta, ou People for the Ethical Treatment of Animals – Pessoas pelo Tratamento Ético dos Animais, que protestam, digamos assim, com bastante veemência. E buscam, em ações disruptivas, achar nichos de mídia para fazer valer suas pregações e alcançar notoriedade.

Denunciam, por exemplo, tratamento cruel de ovelhas na Austrália, para a obtenção de lã, matança de animais para fabricação de casacos de pele, alimentação à base de carne e touradas. Tanto, que a jovem da foto - de autoria não assinalada -, está figurando um miúra, aqueles enormes e imponentes animais massacrados pelos matadores de Espanha em tardes de sol.

É um movimento que, ao lado de grupos como o Greenpeace, terá, ao longo do tempo, possibilidades de crescer, ou pelo menos firmar-se como marco defensor desse ethos, podendo obter alguma representatividade junto à sociedade civil. A questão são os métodos, certamente considerados como ultra-radicais e até chocantes por olhares ligados ao establishment e que, mesmo sensibilizados pelas bandeiras pró-vida, teriam dificuldade em participar, mesmo que discretamente.

Mas, são os sinais dos tempos: as metrópoles, esses grandes e complexos seres urbanos, são movidas por um conjunto de reivindicações, numa intricada trama psicossocial, econômica, comportamental e política. E nesse oceano de gente e pulsões, aparercem os protestos, os gritos, a visão de que é proibido ser desumano.

De qualquer forma, vemos um mundo que, se de um lado sente o neoliberalismo buscar impor sua lógica de que tudo é mercado e assim deve permanecer e ampliar-se, de outro, ou outros lados, vêem-se pessoas e grupos dissidentes, apontando alternativas que, convenhamos, são muito mais humanas e têm um conteúdo ético admissível, pelo menos enquanto movimento de protesto.

Ousadias e picardias à parte, é pelo menos interessante saber que a irreverência de alguma forma desnuda as intenções ocultas e inegavelmente cruéis dos senhores do mundo. A moça da foto é uma espécie de Minotauro da vida. E caminha pelo dédalo da vida, criticando, com sua estética do corpo nu, as vergonhas escondidas de quem só faz o mal. E, com o mal, lucra, lucra muito.
Emanoel Barreto

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