Caros Amigos,
Em meio ao caos em que se transformou sua vida, o atacante Ronaldo está em vias de, num lance de dados da boa fortuna, começar a inverter a situação: o anúncio de que sua namorada Bia Antony está grávida, chega como uma bênção a quem tanto já se penitenciou ao deus da mídia, ou como uma daquelas bolas que somente rolavam para Romário empurrar ao gol.
Hoje, no programa de Ana Maria Braga, ele compareceu e foi alvo de paparicos; recebeu declarações de apoio e incentivo, ante uma apresentadora reverencial e prestativa. Tanto o programa de Ana Maria, quanto a entrevista no Fantástico, semana passada, não passam, estou certo, de uma poderosa ação de markrting pessoal a fim de reavivar Ronaldo enquanto marca. Ele é, além de uma pessoa, um produto, um ser midiátido, do qual os grandes conglomerados econômicos ligados ao esporte se nutrem e engordam. Esses podem engordar, Ronaldo, não.
Tal é a lógica do grande capital que o financia e dele aufere seus dividendos. Detalhe: na entrevista ao Fantástico, Ronaldo estava, podemos até dizer, malvestido. Abatido, roupas com aparência de coisa já muito usada, chinelos simples. Tudo, tudo para compor o tipo; expor, via vestuário, o que estaria se passando no interior, no intimus do craque. É admissível que ele estivesse mesmo acabrunhado. A roupa foi apenas o complemento, o cosmético feioso que ajudou a formar a imagem do sofredor arrependido. A estética da depressão como artifício dramático.
Agora, quando se fala num filho, a trilha, roteiro que rege a vida das pessoas de mídia, funcionará como a água purificadora do pecado impensado. Será uma sinfonia mágica, um tilintar suave de sininhos a sinalizar que o pesadelo está para acabar. Shhhhhhhhhhhhhh.... Silêncio, vem aí um bebezinho... Bendito é o fruto do vosso ventre, Bia.
Emanoel Barreto
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