terça-feira, 27 de maio de 2008

O beijo quente da Morte

Caros Amigos,
A Morte, não existe. Não existe enquanto ente, coisa ou situação objetivamente situada em relação ao ser humano. A morte é unicamente ausência da vida num ser que já a teve. Mas, estranhamente, pela construção arcaica, legado de místico pavor que o suceder de gerações ao longo dos milênios da presença humana na Terra criou, a morte ganhou sua condição de Morte. A Morte ganhou... vida.

O comentário é a propósito da próxima campanha anti-tabagismo a que o Governo dará seqüência. A foto distribuída à imprensa é parte da divulgação da campanha.

Poderosa, a imagem expressa bem a perplexidade perante a dor do fumante reduzido à condição de doente, frágil, abandonado em si mesmo, apesar da presença da família. O rosto tenso da mulher, o olhar inocente e balbuciante do menino, nos levam ao pesaroso mundo dos que estão presos ao vício do cigarro.

É pelo cigarro que se mata a Vida; aos poucos, silenciosamente. No cigarro, a Morte vem com o seu beijo quente e garante que um dia aqueles lábios estarão cerrados.
Emanoel Barreto

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