Caros Amigos,
A tribo indígena encontrada em sobrevôo da Funai no Acre, alegrou-me de alguma maneira. São eles, os primitivos, os atrasados, arcaicos e ágrafos, aistóricos e de tecnologia elementar, quase nus e agresivos, que representam o futuro da humanidade, quem sabe. Eles são seres humanos em estado natural: vivem intensamente a e com a natureza; não a defraudam, não a insultam com a sua presença. Antes, estão imersos nela.
Querem a natureza protegida, boa, cheia, perigosa em sua beleza primal. E quando viram o avião de onde eram fotografados, responderam prontamente, atirando flechas. Fizeram muito bem. Quanto à Funai, pelo que seus representantes disseram às coisas de jornal (pelo menos foi isso o que li), não divulgará a localização da tribo. Assim eles estarão, desejo, protegidos de nós.
Nós, tecnologizados, internetizados, globalizados, envoltos num processo insensato de belicismo e busca de hegemonia política, militar e econômica a qualquer custo, estamos fazendo o que já se sabe: destruindo as florestas, arrasando o Ártico, contaminando rios, experimentando uma vida materialista, hedonista e catastrófica. Queremos bombas, acumulamos fortunas que servirão para comprar poderosos armamentos e vivemos a nos ameaçar.
Temos miséria, fome, dominação, crueldade, crises financeiras, loucura e veneração pelo dinheiro e todos os prazerosos vícios que ele pode nos dar; entre eles, o desejo de ganhar mais dinheiro.
Na verdade, não temos nada. Na verdade, quando o mundo chegar à hecatombe, se eles, os índios, não tiverem sido mortos por nós, certamente serão os únicos aptos a continuar com a humanidade sobre a face da Terra. Só tenho uma dúvida: ainda haverá Terra?
Emanoel Barreto
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