
Foi triste, foi feio,
foi sórdido demais.
Foi um tempo longo,
gelado, cruel.
Inumado, indecente,
brutal, lamacento.
Foi triste, foi feio,
foi dor, foi tormento.
Foram facas longas,
sangrentas, ferozes.
A morte a cavalo
pisou sobre a Vida.
E gritos contidos
percorreram prisões.
Lamentos selados
surgiam de corpos.
Despedaçados corpos
em tantos porões.
Foi triste, foi feio,
insano terror.
Instantes, instintos
estavam ali.
Carrascos escuros
tramavam nas trevas.
E faziam vítimas,
caladas, morrer.
Quanto horror.
Quanta desonra.
Carrascos armados; amados, não.
A Pátria não quis aqueles filhos.
Abortos pardacentos.
E a história guardou seus nomes
nos escaminhos
mais sujos
do esquecimento.
Emanoel Barreto
Foto: O jornalista Vladimir Herzog, morto nas dependências do Doi-Codi
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