quinta-feira, 3 de abril de 2008

Jornalismo grotesco. Jornalismo?

Caros Amigos,
A Folha Online está com uma enquete em que procura saber qual o melhor programa de jornalismo-deboche. Trata-se, evidentemente, de um paradoxo, senão uma espécie de equívoco mal-intencionado. No mínimo.

Como pode ser bom jornalismo aquele que se dedica ao deboche, ao achicalhe, a um certo tipo de humilhação grotesca, burlesca, cujo único objetivo é expor em situações ridículas, em rede nacional de TV, figuras públicas?

São elencados pelo jornal os programas "CQC" "Pânico na TV" "Casseta e Planeta", além da possibilidade "Nenhum dos anteriores". Esses programas, que em nada contribuem para o jornalismo em sentido estrito, não passam de grotesquerias arranjadas. Num deles, por acaso, vi uma "reportagem" com o ministro Gilberto Gil, que comparecera ao casamento de uma filha, Morena Marina. Tentou-se de todas as formas envolvê-lo com perguntas tolas, grosseiras, inúteis.

Calmo, com um olhar fulminante, Gil limitou-se a encarar seus detratores por alguns instantes. Notava-se perfeitamente o sentimento de alguém que se sente ofendido publicamente, uma pessoa que, por ser midiática, deveria, na ótica do programa, ter a obrigação de participar da farsesca representação.


Ele entrou calado e saiu mudo. A péssima qualidade da programação de TV aberta, que vem privilegiando de forma contumaz a estética do grotesco, abriu largos espaços temporais e tais produções, voltadas todas para o senso comum, o espectador sendo incentivado a agir como populacho, saco vazio a ser preenchido com esse tipo de lixo.

O Brasil já tem problemas demais. Não seria o caso de abrir-se um programa para os grandes cantores como Gil e Cia., em vez de dar larga às vozes fanhas que formam um coral de abusados?
Emanoel Barreto

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