Caros Amigos,
O País estava sendo varrido por uma enorme onda noticiosa, um tsunami informativo a respeito de um certo Banco de Dados, que revelaria casos e tramas de um governo passado e suas tenebrosas transações presidenciais. O Banco de Dados, entretanto, ninguém sabia aonde ficava. Não tinha registro no Banco Central, não tinha agências em nenhuma parte do território nacional, nem funcionários, nem correntistas. Tratava-se, assim, de um mistério.
Como ninguém, nem mesmo os mais experimentados repórteres conseguiam ter acesso ao Banco de Dados, e com o agravamento da situação - gente na rua pedindo para saber se por acaso não teria algum dinheirinho por lá, pessoas querendo pedir empréstimos, outros pensando em praticar algum assalto -, foi convocada uma comissão se sábios, para descobrir aonde e como funcionava o tal Banco.
Os sábios, então, começaram uma grande peregrinação pelo mundo, consultando centenários documentos, sítios arquelógicos antiquíssimos, inscrições em cavernas e furnas, tumbas e locais absolutamente secretos. Mas, até então, nada fora encontrado. Enquanto isso, o noticiário explodia, como se um terremoto político-nacional fosse acontecer: uma suposta reunião de acusações a um ex-presidente era transformado quase numa tragédia.
Mas os sábios continuavam sua árdua tarefa. A mulher, a única do grupo - eles eram três -, afinal conseguiu decifrar uma intrigante inscrição rupestre, que dizia assim: "Irne tane absus, tare met die mor." Imediatamente após a descoberta, eles puseram-se a voltar ao País.
Chegando, foram recebidos pelos políticos e pela imprensa. A mulher foi chamada a falar, e afirmou: "A inscrição diz que, irne tana absus, tare met die mor, quer dizer: 'Jos ert mat, buat dole mur'. Essa a grande realidade que eu constatei." E, então, os jornalistas perguntaram: "E o que significa a segunda frase?"
Ela virou-se para eles: "Trata-se de grande mistério e eu não sei dizer o que é." Mas, pelo sim, pelo não, vamos todos continuar a buscar o Banco de Dados; é bem provável que ele exista e a gente possa abrir, pelo menos, uma caderneta de poupança.
Emanoel Barreto
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