sábado, 23 de fevereiro de 2008

Aleluia, Gretchen!

Caros Amigos,
Conga! Conga! Conga! A carnavalização da nossa política terá, ao que parece, mais duas insignes figuras: Gretchen, que pretende disputar a prefeitura de Itamaracá, em Pernambuco, e sua filha, Thammy, que intenta ser vereadora por São Paulo, após estrear como atriz pornográfica. Trata-se, como se pode perceber, de duas grandes presenças, cuja visão social e capacidade política são, efetivamente, de admirar.

Ironias à parte, a ocorrência dessas candidaturas, vindo a se confirmar, representará um dado sócio-político a ser levado a sério: a situação chegou a um ponto tal de relaxamento e frouxidão, que figuras típicas do submundo, do caricato e do burlesco encontram-se e sentem-se capacitadas ao exercício de mandatos.

E, eleita uma ou outra, significará um tapa na cara do que se chama de classe política. Todos tão honrados, cheios de moral e pundonor, estarão lado a lado com artistas, digamos assim, de vida livre. É o marginal ocupando um lugar no púlpito antes reservado aos senhores e senhoras do establishment - mas que, na primeira curva da estrada, são flagrados praticando - como direi?-, alcances nos dinheiros públicos.

Com isso, tornam-se iguais à marginália, gerada pelo tipo de sociedade que essas pessoas ajudam a engendrar. Entretanto, os espaços democráticos permitem que, legitimamente, o marginal possa disputar e, claro, desfrutar de um mandato. Não estou falando de bandido; marginal, aqui, é em sentido estrito, aquele que está à margem, que não integra os grupos de dominação.

E como a dança política se aproxima, Gretchen e sua filha poderão, quem sabe, chegar ao Poder. E tome-lhe conga, conga, conga.
Emanoel Barreto
Foto: Ernesto Rodrigues/Agência Estado

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