Caros Amigos,
Vejo na Folha On Line uma foto, com legenda que, a rigor, nada informa, da Rainha Elizabeth em visita a Uganda. A monarca é saudada por um grupo de menininhas, que têm às mãos bandeiras da Inglaterra e de Uganda. Há algo de sarcástico, de cínico e perverso no registro. Seguinte: a rainha de um país que explorou com vigor incomum o povo ugandense, é recebida em festa, como se estivesse fazendo uma deferência ao ali se apresentar, ou mesmo uma caridade - permitindo-se ser vista por aquelas negrinhas alvoroçadas.
E o pior é que a foto nos é imposta pela Agência Efe, que a produziu, e candidamente aceita pela Folha. Ou seja: pelo simples fato de que a foto foi enviada pela agência espanhola Efe, a Folha nos repassa a imposição desta, como a a visita da Rainha fosse para nós, no Brasil, algo de importante ou interessante.
Isso reforça a afirmativa de que notícia é o que os jornalistas querem que seja notícia. O exemplo é simples, para que compreendamos a questão: se um jornalista como poderes editoriais escolhe um assunto ou fragmento de assunto e resolve publicá-lo, mesmo que não tenha maior importância, será lido e tido como "notícia". O simples fato de estar publicado, por homologia forçada a temas realmente pertinentes, torna a a foto ou texto uma "informação".
A Folha On Line segue os padrões dos jornais americanos na internet, que apresentam essa sequência de fotos no alto, à esquerda da página. É o caso da foto da rainha Elizabeth que passa, como num cineminha, ao lado de outras platitudes informativas. Eventualmente, pode até haver algo importante, mas o texto-legenda mais aguça a curiosidade que informa a respeito do assunto.
Essa questão do jornalismo na internet, se não for levada muito a sério pelos jornalões impressos, pode ser muito mais causa de desinformação que de prestação de um serviço jornalístico relevante.
Emanoel Barreto
Nenhum comentário:
Postar um comentário