segunda-feira, 3 de setembro de 2007

Uma exposição funesta

Caros Amigos,
As coisas de jornal informam que realizou-se no Guarujá, em São Paulo, uma feira promovida por agentes funarários, a Funexpo, que contou com shows de axé music e sorteio de três caixões para crianças. Havia, digamos assim, féretros para todos os gostos: caixões cor-de-rosa ( Caixão da Barbie) e outros com paetês e purpurina. Como a feira realizou-se num balnerário, sua logomarca foi um caixão sorridente sobre uma prancha de surfe.

A banalização da existência, ao que se vê, chegou a cúmulos nunca antes pensados. Afora o dado grotesco, bizarro da promoção, temos um algo de cruel, insano, perverso, nesse tipo de comércio. O marketing, em uma de suas mais desvairadas propostas, leva segmentos empresariais a abusar das pessoas, a quem querem colocar unicamente na condição de consumidoras.

O fato, em si deplorável, mostra uma ponta de iceberg: o objetivo do lucro não tem medidas. Veja-se a enlouquecida publicidade em torno de celulares. Chega-se a tal ponto que, falando por mim, já não entendo nem diferencio mais um anúncio de outro. Todos incentivam a que se fale, se fale muito nos celulares, como se a vida das pessoas se resumisse a um ato vazio de sentido: pegar um telefone e ligar por ligar.

Vivemos num mundo perigoso e sombrio. Quando se desrespeita até mesmo o grande mistério do fim da existência.
Emanoel Barreto

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